O pastor que alegava “incorporar anjos” para abusar sexualmente de fiéis foi preso, em Anápolis, a cerca de 55 km da capital goiana. Segundo a Polícia Civil de Goiás, Vanderlei de Oliveira, que estava sendo procurado pela corporação, se entregou à corporação.
O homem foi preso nessa sexta-feira (20/10). Conforme a polícia, até o momento, nove vítimas foram ouvidas, sendo que entre elas há homens e mulheres. Além do pastor, a esposa dele, Maria Lurdes dos Santos Oliveira, era procurada pela Polícia Civil, por ser cúmplice dos crimes, mas não há informações se ela também acabou detida.
O caso foi descoberto após a denúncia de uma das vítimas, que procurou a delegacia em 2 de outubro. De acordo com a investigação, os crimes provavelmente ocorriam há mais de uma década, já que uma das vítimas identificadas sofreu abuso sexual em 2013.
Denúncias
Uma das vítimas contou à polícia que frequentava a igreja do pastor havia 8 anos e foi abusada por ele, pela primeira vez, no ano passado. Ela disse que o pastor pedia fotos íntimas, alegando que isso fazia parte de uma “campanha” para ter sucesso na vida e que anjos a ajudariam através dele. Ela enviou as imagens.
Em outra situação descrita pela vítima, o pastor teria dito que incorporou um “anjo”, após um culto de libertação, e que ela seria “amaldiçoada” se contasse para alguém sobre os pedidos dele. Logo depois disso, o suspeito teria passado a mão nas partes íntimas dela.
Segundo a mulher, a esposa do suspeito presenciou a violência e ainda mandou que ela não negasse os pedidos feitos pelo marido, que incluíam até masturbação. Os crimes teriam ocorrido em um “quarto de oração” da igreja e em uma casa.
A mesma vítima denunciou ainda que, durante a “campanha”, também passou por vários abusos no “quarto de orações” e que o pastor tirou a virgindade dela. A mulher contou que a esposa do suspeito estava perto, e não fez nada.
Fora da “campanha”, o pastor continuou ligando para a vítima e pedia para que ela se tocasse para ele assistir. Quando a vítima falou que não queria mais participar, o homem divulgou fotos íntimas dela para outros membros da igreja, o que ela descobriu em outubro deste ano.
Campanha espiritual
De acordo com a segunda denúncia, a vítima disse que frequentou a igreja do pastor por 5 anos, e ele a chamou dizendo que precisava fazer uma “campanha espiritual” porque o marido dela estava com um problema. Durante o abuso, o homem chegou a falar que um “anjo” estava com ele, segundo a mulher.
A mulher ainda relatou que tentou empurrar o suspeito, mas ele teria dito que ela tinha de continuar a “campanha” e a fez prometer que não contaria a ninguém porque as pessoas não entenderiam.
As vítimas pediram à Justiça medidas protetivas de urgência contra o pastor, mas o juiz negou. Um dos argumentos usados na decisão é de que os crimes não foram praticados no âmbito doméstico e elas não tinham vínculo anterior com o suspeito.
Créditos: Metrópoles.