O Supremo Tribunal Federal (STF) se manifestou sobre a contratação da advogada Priscila Carnaúba, mulher do senador Randolfe Rodrigues (sem partido-AP), para o gabinete da ministra Cármen Lúcia.
“Assim como a escolha não é feita por indicação de outros Poderes, o fato de se ter uma relação externa com alguém de outro Poder não é fator de veto”, justificou o STF, a Oeste. “Neste ano, o gabinete da ministra Cármen Lúcia nomeou três assessoras, todas jovens advogadas e preparadas para a função. No gabinete da ministra, todos os assessores cumprem o horário de trabalho das 10h às 19h, presencialmente, sem distinção.”
De acordo com o tribunal, os critérios de seleção foram objetivos. “Havia vaga de assessor no gabinete da ministra Cármen Lúcia, diversos currículos foram analisados e, após entrevista e por cumprir as exigências, ela foi selecionada por ter mais ligação com temas de Direito Público”, explicou o STF.
A mulher de Randolfe Rodrigues foi nomeada em setembro deste ano, um mês depois de o congressista ir ao apartamento de Cármen, em Belo Horizonte (MG). A magistrada, inclusive, recebeu convite para comparecer ao casamento de Rodrigues e Priscila, em julho.
Embora não haja detalhes sobre o salário de Priscila, sabe-se que auxiliares de Cármen ganham entre R$ 10 mil e R$ 30 mil.
Decisões a favor da Rede, da qual Randolfe Rodrigues era filiado
Em 18 de dezembro de 2020, Cármen acolheu um pedido da Rede Sustentabilidade contra o então presidente Jair Bolsonaro. A juíza do STF mandou a Procuradoria-Geral da República investigar se Agência Brasileira de Inteligência (Abin) ajudou na defesa do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) na tentativa de anular o caso das “rachadinhas”.
Filiado à sigla à época, Rodrigues comemorou a decisão no Twitter. “Atendendo a nosso pedido, a ministra Cármen Lúcia determinou à PGR para investigar os relatórios elaborados pela Abin para orientar a defesa de Flávio Bolsonaro no caso Queiroz”, escreveu Randolfe, no Twitter/X.
Quatro meses antes dessa decisão, Cármen, que era relatora de uma ação da Rede e do PSB contra o governo, votou para limitar a atuação da Abin.
“Arapongagem, para usar uma expressão vulgar, mas que agora está em dicionário: aquele que ilicitamente comete atividade de grampos, e, portanto, de situação irregular, essa atividade não é direito, é crime”, argumentou a ministra, sobre um decreto de Bolsonaro. “Praticado pelo Estado, é ilícito gravíssimo.”
Revista Oeste