Advogado de Jair Bolsonaro e ex-secretário especial de Comunicação do ex-presidente, Fabio Wajngarten afirmou na rede social X, ex-Twitter, que “não há nada a delatar”. Sem contexto, a publicação foi feita um dia depois do ex-ajudante de ordens Mauro Cid ir ao Supremo Tribunal Federal (STF) para avançar as negociações sobre uma delação premiada.
Nesta quarta-feira, Cid e Cezar Bitencourt, seu advogado de defesa, foram ao gabinete do ministro Alexandre de Moraes, do STF, onde se reuniram com o juiz auxiliar Marco Antônio Vargas, que recebeu o documento. O movimento buscou atestar que houve intenção do tenente-coronel em firmar um acordo de delação “por livre e espontânea vontade”. A viabilidade de uma delação premiada, porém, depende da homologação pelo magistrado.
O tenente-coronel já prestou três longos depoimentos à PF, que podem ser apenas o começo, caso o pedido seja homologado por Moraes. Nesse caso, Cid terá que prestar muitos depoimentos para esclarecer fatos de todos os inquéritos nos quais aparece como investigado. Ele está preso preventivamente desde maio por suspeitas de fraude em cartões de vacinação de Bolsonaro e familiares.
Conforme mostrou a colunista do GLOBO Bela Megale, a Polícia Federal só aceitou seguir com a negociação de um acordo se Cid relatar todos os fatos que pesam sobre ele, indicando a participação de outros envolvidos. Ou seja, o acordo não se limita a apenas confessar seus crimes, mas a apontar o papel de todos os envolvidos, entre eles, o ex-presidente.
No final de julho, Cid e Wajngarten prestaram depoimentos simultâneos à PF sobre o caso envolvendo os conjuntos de joias sauditas. Os depoentes foram ouvidos no mesmo horário em que o ex-presidente e a primeira-dama, e também que o pai de Mauro Cid, Mauro Lourena Cid. Na ocasião, o advogado de Bolsonaro afirmou à colunista do GLOBO Malu Gaspar que iria entregar aos investigadores uma ata notarial com a íntegra das mensagens que trocou com o tenente-coronel sobre as joias desde janeiro.