Carlos Alberto Marques Toledo, o Fiel da Chatuba, tinha 75 anotações por 16 crimes diferentes
Com 29 anos, Fiel da Chatuba tinha 75 anotações criminais por diversos crimes, entre eles, tráfico de drogas, organização criminosa, porte ilegal de arma de fogo, homicídio, tortura, roubo de carga e extorsão. Ele foi apontado como gerente do tráfico nas comunidades da Chatuba e Sereno, na Penha, com influência ainda no Morro do Juramento, em Vicente de Carvalho. Ele também tinha seis mandados de prisão em aberto.
Já Cláudio Henrique da Silva Brandão, o Do leme, também morto na operação, era segurança do Fiel e tinha 41 anotações criminais. No último dia 21 de junho, Fiel, Do leme e outras 24 pessoas foram denunciadas pelo Ministério Público do Rio por crimes de organização criminosa, extorsão qualificada, tráfico de drogas e esbulho possessório (tomar posse de um bem de forma ilegal).
Segundo a denúncia, no dia 14 de novembro de 2022, integrantes da quadrilha, armados de fuzis e pistolas, invadiram pelo menos 24 prédios de um conjunto na Favela do Quitungo, em Brás de Pina, bairro que fica localizado próximo à Penha. Na ocasião, o grupo ameaçou moradores e adotou práticas comuns a milícia, como a cobrança de taxa de R$ 500 referente ao aluguel de cada um dos apartamentos, incluindo luz e água.
Felipe da Silva Guimarães Junior, o Zangado, tinha uma passagem por tráfico de drogas. Contra ele havia um mandado de prisão definitiva em aberto para cinco anos de reclusão por associação para o tráfico.
João Vitor dos Santos Fernandes, de 20 anos, tinha dois mandados de prisão em aberto e 13 anotações criminais. Outro morto na ação, Yuri Ramon Sousa da Silva, de 27 anos, tinha um mandado em aberto desde 2020 por estelionato e uma passagem pela polícia por associação para o tráfico.
Cristiano Ferreira dos Santos, de 28 anos, e Renato Soares da Rocha, de 31, duas anotações cada um. Rocha passou pelo sistema prisional entre 2013 e 2014. Ele foi preso em julho de 2013, na localidade conhecida como “Viela Cabaret”, na comunidade da Chatuba, na Penha, com farto material entorpecente.
Além deles, também morreram na operação: Thalles Alexander Coelho de Sousa, André Luiz Vasconcellos Marinho e Luciano Santos Monteiro da Costa. Contra eles, não consta mandado no Banco Nacional de Monitoramento de Prisões (BNMP). Segundo a Polícia Civil, eles também não tinham nenhuma anotação criminal. A Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) disse que investiga as circunstâncias das mortes.
Mortos identificados e suas passagens pela polícia
- Felipe da Silva Guimarães Junior, o Zangado, de 31 anos, tinha um mandado de prisão em aberto e uma anotação criminal pelo crime de tráfico de drogas.
- Carlos Alberto Marques Toledo, o Fiel da Penha, de 29 anos, tinha seis mandados em aberto e 75 anotações criminais pelos crimes de: tráfico de drogas, associação para o tráfico, organização criminosa, resistência, porte ilegal de arma de fogo, homicídio, tortura, disparo de arma de fogo, quadrilha ou bando, desacato, tentativa de homicídio, roubo de veículo, corrupção de menores, coação no curso do processo, roubo de carga e extorsão.
- João Vitor dos Santos Fernandes, de 19 anos, tinha dois mandados de prisão em aberto e 13 anotações criminais pelos crimes de: associação para o tráfico, organização criminosa, extorsão, desobediência, resistência, lesão corporal, tentativa de homicídio e tráfico de drogas.
- Yuri Ramon Sousa da Silva, de 26 anos, tinha um mandado em aberto desde 2020 por estelionato e uma anotação criminal por associação para o tráfico.
- Claudio Henrique da Silva Brandão, o Do Leme, de 35 anos, tinha 41 anotações criminais pelos crimes de: associação para o tráfico, tráfico de drogas, homicídio, porte ilegal de arma de fogo, resistência, organização criminosa, tentativa de homicídio, artefato explosivo ou incendiário, roubo, coação no curso do processo, roubo de carga e extorsão.
- Renato Soares da Rocha, o Torra, de 31 anos, tinha duas anotações criminais pelos crimes de porte de drogas e tráfico de drogas.
- Cristiano Ferreira dos Santos, de 28 anos, tinha anotações criminais pelos crimes de dano ao patrimônio público e associação para o tráfico.
- Thalles Alexander Coelho de Sousa, de 26 anos, não tinha anotação criminal.
- André Luiz Vasconcellos Marinho, de 17 anos, não tinha anotação criminal.
- Luciano Santos Monteiro da Costa, 20 anos, não tinha anotação criminal.
Defensoria acompanha com preocupação notícias da operação
A Defensoria Pública do Rio de Janeiro, em nota, afirmou acompanhar “com preocupação as notícias sobre a operação policial no Complexo da Penha, com mortes, feridos e a interrupção de serviços essenciais”.
Segundo a defensoria, a ouvidoria externa do órgão recebeu relatos de moradores e lideranças comunitárias sobre a violência no local. O Núcleo de Defesa dos Direitos Humanos da Defensoria (Nudedh) também acompanha as denúncias e já solicitou informações sobre a operação.
A Defensoria diz ainda que, através de seus órgãos, segue ouvindo a população e disponibilizando os serviços de acolhimento jurídico e psicossocial às famílias das vítimas de violações e continuará o monitoramento dos impactos das intervenções policiais nos serviços públicos na cidade do Rio de Janeiro.
Chefes do tráfico entre os mortos, diz polícia
De acordo com a Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), a Vila Cruzeiro é um dos principais redutos do grupo criminoso ligado a maior facção criminosa do Rio, onde os bandidos se estruturam para iniciar guerras e invasões a territórios de bandos inimigos.
Os criminosos, segundo o porta-voz da PM, coronel Marco Andrade, vestiam roupas similares as das forças de segurança do estado. O militar destacou ainda que a ação foi pontual e a opção do confronto nunca é da polícia.
— Essa opção é de bandidos que procuram efetivamente subjugar as pessoas que moram naquela região e afrontaram o estado efetivamente — afirmou ele, na quarta-feira, em entrevista ao RJTV, da TV Globo.
Operação no Complexo da Penha
Operação realizada em 02/08/2023
Houve retirada de barricadas. Algumas delas mais sofisticadas, citou Andrade:
— Durante a ação, nós realizamos o deslocamento, tivemos muita dificuldade no acesso inicial, muitas barricadas em chamas, barricadas mais sofisticadas do que um simples pneu pegando fogo. Materiais mais elaborados, que dificultaram o acesso das nossas tropas.
Mototaxistas na área de mata
Na entrevista ao RJTV, o coronel Marco Andrade afirmou ainda que os traficantes mandaram mototaxistas para a região de mata onde houve o tiroteio.
Em operação no Complexo da Penha que deixou dez mortos, policiais retiraram barricadas
— Demonstra o grande aparato bélico que o crime hoje tem no Estado do Rio. É a intensidade e a necessidade do confronto efetivamente contra as forças policiais. Inclusive ao longo da ação, a nossa inteligência identificou que os criminosos determinaram que os mototaxistas que trabalham naquela região se deslocassem para essa área de mata (…) para diminuir a nossa progressão no terreno para poder socorrer os demais envolvidos no confronto — disse.
Mais de três mil sem aulas
Devido à operação, 16 escolas na região do Complexo da Penha não funcionaram. Foram afetados 3.220 alunos. Já as clínicas da família Felipe Cardoso, Valter Felisbino de Souza, Aloysio Augusto Novis, Rodrigo y Aguilar Roig e Klebel de Oliveira Rocha e o Centro de Atenção Psicossocial Álcool e outras drogas (CAPS Ad) Miriam Makeba mantiveram o atendimento à população, mas suspenderam as visitas domiciliares.