Condições inseguras, jornadas extremamente longas, assédio, escândalos, multas, ações judiciais e medo de ser demitido. Essa é rotina “super hardcore” de trabalho na Tesla, montadora de veículos elétricos de Elon Musk, relatada por ex-funcionários ao podcast Land of Giants: The Tesla Shock Wave (Terra de Gigantes: A Onda de Choque da Tesla, em tradução livre), uma coprodução entre o portal The Verge e a Vox Media Podcast Network.
“O que eu vi foi muita gente dormindo no chão, gente trabalhando 10, 12 horas por dia, seis, sete dias por semana”, contou Carlos Gabriel, ex-colaborador que trabalhou na empresa em 2020, na fábrica de Fremont, na Califórnia (EUA).
Huibert Mees, engenheiro-chefe de suspensão do Modelo S, que ficou na Tesla entre 2009 e 2015, afirmou ao podcast que o trabalho consumia as pessoas, relatando horas trabalhadas aos finais de semana e, em alguns momentos, até “oito, nove e dez da noite todas as noites”.
Outro ex-funcionário, Denis Duran, que fez parte da força de trabalho da montadora durante cinco anos, relatou que viu outro trabalhador vomitar no chão da fábrica e desmaiar de desidratação, presenciou um homem ter a perna esmagada por um carro na linha de montagem e que, uma vez, durante um sério vazamento de esgoto, as equipes tiveram de seguir com suas atividades.
“Não podíamos acreditar que o esgoto estava quase passando por nossos pés, e até perguntamos: ‘Vamos desligá-lo? Isso é ridículo’. Eles disseram: ‘Não, não, precisamos continuar correndo. Isso não vai parar uma linha'”, recordou ele.
Segundo o The Verge, uma investigação descobriu que a fábrica da Tesla em Fremont tinha três vezes mais violações de segurança junto à Administração de Segurança e Saúde Ocupacional do governo da Califórnia do que 10 outras fábricas de automóveis dos Estados Unidos juntas.
Em 2018, um representante da empresa admitiu que havia questões a serem melhoradas, em resposta a um questionamento do portal Business Insider. “Não quer dizer que não haja problemas reais que precisam ser tratados na Tesla ou que não cometemos erros com nenhuma das 40.000 pessoas que trabalham em nossa empresa. No entanto, não deve haver dúvida de que nos preocupamos profundamente com o bem-estar de nossos funcionários e que tentamos fazer a coisa certa e falhar com menos frequência. A cada mês que passa, melhoramos ainda mais a segurança e continuaremos fazendo isso até termos a fábrica mais segura do mundo, de longe”, disse ele na época.
Fonte: Época Negócios.