De volta ao debate público após um período de submersão, o ex-ministro Ciro Gomes (PDT) decidiu apontar a artilharia contra programas do governo Lula. Em sua nova newsletter semanal, iniciativa revelada pela Coluna, o pedetista chamou o programa automotivo – sucesso popular que chegou a ser prorrogado – de “aberração”.
“Fazer promoção de venda de estoques de carros e de linha branca ou subsidiar passagens aéreas com renúncia de tributos. Uma aberração falsamente simpática, porque a conta está sendo espetada nas costas do povão e da minúscula fração de nossa igualmente sofrida pequena burguesia”, dispara Ciro Gomes, no seu novo produto digital.
O programa automotivo custou R$ 800 milhões para dar descontos em carros de até R$ 120 mil e embalar as vendas. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de quem perdeu as eleições de 2022, quer uma iniciativa semelhante para a linha branca – como mostrou a Coluna, a fala pegou até ministros da área econômica de surpresa. Já o programa “Voa, Brasil” pretende oferecer passagens mais baratas à população. Mas, de acordo com o ministro de Portos e Aeroportos, Márcio França, o Tesouro não vai colocar a mão no bolso.
Na avaliação de Ciro, o dinheiro gasto em inciativas como essa seriam mais bem aplicado em outras áreas, como a saúde. “O cashback do governo à indústria automobilística moribunda, seria, por exemplo, dinheiro suficiente para pagar TODAS as cirurgias eletivas, dos que hoje vegetam em uma fila maior que um ano de espera”, argumenta o ex-ministro.
Ele assegura, nesta primeira edição da newsletter, que não pretende mais ser candidato. “Por tudo que vivi, perdi o apetite de submeter estas ideias ao embate eleitoral. Não abro mão, entretanto, de meu direito-dever de cidadão de participar do debate”, acrescenta Ciro Gomes.
Assuntos
Na newsletter, o pedetista faz comentários sobre a política econômica do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e analisa a reforma tributária (leia aqui tudo sobre o texto em tramitação no Parlamento). Explicações adicionais ficam por conta do economista Mauro Benevides Filho.
Ciro também passa pela situação política brasileira, e critica a liberação de emendas por parte do Executivo como forma de angariar apoio no Congresso de figuras não alinhadas ao governo.
“Não vejo mal conceitual em admitir emendas ao orçamento. O problema é outro: negociar o quê, para quem e em que linguagem”, diz o ex-ministro da Integração Nacional no primeiro governo Lula.
Créditos: Estadão.