Até o fim de 2024 a Mercedes-Benz do Brasil encerrará suas atividades em Campinas, SP, onde realiza a manufatura de produtos e a logística, com o objetivo de terceirizar a operação. Dos 505 trabalhadores, duzentos da área administrativa serão transferidos para a sede, em São Bernardo do Campo, SP, e os outros 305 dispensados.
A empresa informou o Sindicato dos Metalúrgicos de Campinas e Região a respeito de sua decisão na semana passada. Na segunda-feira, 26, após assembleia com os funcionários, a unidade entrou em greve, que será mantida até a sexta-feira, 30.
Segundo o presidente da entidade, Sidalino Orsi Júnior, a Mercedes-Benz disse que não tem como rever a situação, porém mostrou-se aberta para ouvir proposta do sindicato na semana que vem.
Orsi Júnior, entretanto, afirmou que não aceitará as demissões dos 305 empregados, dos quais 140 operam na remanufatura de câmbio e motores e 130 na área de logística, armazenamento de peças e vendas: “Queremos encontrar alternativa que garanta a manutenção dos empregos”.
Na segunda-feira, 3, haverá novo encontro do sindicato com os trabalhadores para definir calendário de manifestações: “Vamos para a rua. Vamos conversar com prefeito, governador e presidente. Já protocolamos pedidos em todas as esferas. A Mercedes-Benz recebeu muito dinheiro do Estado em isenções tributárias. Agora chegou a hora de cobrar isso com a manutenção dos 305 postos de trabalho”.
De acordo com o sindicalista a montadora não possui problema econômico: “Este setor fatura, em média, por dia, R$ 15 milhões. É uma questão de reestruturação. Ela quer economizar na folha de pagamento e garantir o lucro favorecendo a precarização do trabalho”.
A Mercedes-Benz informou, em nota, que sua central de distribuição de peças de reposição passará a ter as atividades realizadas por empresa terceirizada em instalação localizada em Itupeva, SP. A transição deste processo acontecerá de dezembro a março de 2024.
As atividades de pós-vendas e outras funções administrativas serão transferidas para São Bernardo do Campo no primeiro semestre de 2024. E a linha de remanufatura de peças será terceirizada até o fim de 2024.
“Como companhia estamos totalmente comprometidos em buscar soluções que possam minimizar os impactos da decisão para os cerca de quinhentos colaboradores da unidade de Campinas. Para tanto iniciaremos negociações com o sindicato dos trabalhadores local a fim de construirmos alternativas e condições satisfatórias que nos levem ao melhor resultado possível para todas as partes envolvidas.”
Inaugurada em 1979, a fábrica do interior paulista chegou a empregar 8 mil profissionais à época em que produzia o ônibus completo. Quando passou a fabricar apenas chassis essa operação foi transferida a São Bernardo do Campo.
Autodata, por Soraia Abreu Pedrozo