Edmar Camata defendeu que “ver Lula como inocente significa acreditar que há uma trama extremamente complexa e articulada”; Conteúdos foram retirados do ar
Escolhido para ocupar o posto de diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF) no governo Lula, o policial rodoviário federal Edmar Camata já manifestou anteriormente apoio à Operação Lava-Jato e defendeu a prisão do presidente eleito em uma postagem em uma rede social em 2018. Os conteúdos foram revelados nesta terça-feira pelo jornal “Folha de S. Paulo” e foram localizados pelo GLOBO em uma conta no Facebook. Após virem a público, as postagens e o perfil foram retirados do ar.
Em 2017, Camata compartilhou fotos ao lado do então procurador e hoje deputado eleito Deltan Dallagnol (Podemos-PR). Na publicação, o futuro diretor–geral da PRF afirma que teve o “privilégio de ser o portador de uma justa homenagem à Operação Lava-Jato”. ” Auditório lotado, tive 5 minutos que certamente milhões de brasileiros gostariam de ter, e espero ter honrado. À frente, o Coordenador da força-tarefa, Deltan Dallagnol. Pude falar do orgulho e confiança que a ampla maioria dos brasileiros tem na atuação desses profissionais, que de maneira inovadora se impõem contra a corrupção”, complementou.
Em postagem, indicado para PRF defendeu prisão de Lula — Foto: Reprodução
Em outra publicação, menos de um ano depois, após a prisão de Lula no âmbito da Lava-Jato, o policial rodoviário diz que “ver Lula como inocente significa acreditar que há uma trama extremamente complexa e articulada que condenou 220 empresários, servidores e políticos em várias instâncias. Tudo a troco de condenar Lula”. Em outro momento do texto, critica um “sistema eleitoral viciado que favoreceu atores corruptos no poder”.
“O fato, hoje, é que Lula está preso. Também estão presos Cabral, Cunha, Geddel, Vaccari, André Vargas, Henrique Alves, Palocci, Gim Argelo… todos presos. Todos inocentes? Todos sem provas? Lula não foi o primeiro. Ao contrário, sua prisão foi cercada de precauções, para muitos, desnecessárias”, defendeu.
Homenagem a Dallagnol — Foto: Reprodução
Ao se candidatar a deputado federal pelo PSB em 2018, pleito em que foi eleito suplente, Camata usou o combate à corrupção como bandeira. Uma de suas bandeiras, na época, era a continuidade da Lava-Jato. “Até agora, já foram condenadas 188 pessoas na Operação Lava-Jato. Se as penas fossem somadas dariam 1861 anos e 20 dias. Não podemos deixar a maior operação anticorrupção do país parar, você concorda?”, compartilhou.
Edmar Camata atualmente trabalha como secretário de Estado de Controle e Transparência do governo do Espírito Santo e ingressou na PRF em 2006 . Ao defender sua escolha para o comando da corporação, o futuro ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino (PSB) destacou sua experiência.
— Ele (Camata) tem amplo conhecimento da instituição, uma vez que a integra há 18 anos, e tem, ao mesmo tempo, experiência de gestão. A escolha leva em conta a ideia de aperfeiçoamento, aprimoramento gerencial dessas instituições para que possam obedecer aos princípios da economicidade e eficiência — afirmou Dino.
O Globo