A Assembleia Geral das Nações Unidas votou para condenar a “tentativa de anexação ilegal” da Rússia de quatro regiões parcialmente ocupadas na Ucrânia e pediu aos países que não reconheçam a medida.
As nações contrárias ao projeto foram Rússia, Síria, Nicarágua, Coreia do Norte e Belarus. A China foi um dos Estados que se abstiveram, enquanto o Brasil votou pela adoção do texto.
Na votação de quarta-feira, três quartos da Assembleia Geral de 193 membros – 143 países – apoiaram uma resolução que também reafirmou a soberania, independência, unidade e integridade territorial da Ucrânia dentro de suas fronteiras internacionalmente reconhecidas.
“É incrível”, disse o embaixador da Ucrânia na ONU, Sergiy Kyslytsya, a repórteres após a votação, ao lado da embaixadora dos EUA nas Nações Unidas, Linda Thomas-Greenfield, que disse que o resultado mostrou que a Rússia não pode intimidar o mundo.
Quatro países se juntaram à Rússia na votação contra a resolução – Síria, Nicarágua, Coreia do Norte e Bielorrússia. Outros 35 países se abstiveram da votação, incluindo China, Índia, África do Sul, Paquistão, e os demais não votaram.
Em setembro, Moscou proclamou a anexação de quatro regiões parcialmente ocupadas na Ucrânia – Donetsk, Luhansk, Kherson e Zaporizhzhia – depois de organizar o que chamou de referendos. A Ucrânia e aliados denunciaram os votos como ilegais e coercitivos.
A votação da Assembleia Geral seguiu-se a um veto da Rússia no mês passado de uma resolução semelhante no Conselho de Segurança de 15 membros.
O resultado é a repreensão mais forte à Rússia da Assembleia Geral das quatro resoluções que aprovou desde que as tropas russas invadiram a Ucrânia em 24 de fevereiro.
O embaixador da Rússia na ONU, Vassily Nebenzia, disse à Assembleia Geral antes da votação que a resolução era “politizada e abertamente provocativa”, acrescentando que “poderia destruir todo e qualquer esforço em favor de uma solução diplomática para a crise”.
Os movimentos nas Nações Unidas refletem o que aconteceu em 2014, depois que a Rússia anexou a Crimeia da Ucrânia. A Assembleia Geral então adotou uma resolução declarando o referendo inválido com 100 votos a favor, 11 contra e 58 abstenções formais.
A China se absteve na quarta-feira porque não acredita que a resolução seja útil, disse o vice-embaixador da China na ONU, Geng Shuang.
“Qualquer ação tomada pela Assembleia Geral deve ser conducente à desescalada da situação, ser conducente à retomada precoce do diálogo e deve ser conducente à promoção de uma solução política para esta crise”, disse ele.
Os Estados Unidos e outros países ocidentais fizeram lobby antes da votação de quarta-feira. O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, convocou uma reunião virtual na terça-feira com diplomatas de mais de 100 países.
Eles ganharam dezenas de votos a mais do que em comparação com o resultado de 2014 e melhoraram os 141 países que votaram para denunciar a Rússia e exigir que ela retirasse suas tropas da Ucrânia dentro de uma semana após a invasão de 24 de fevereiro.