Nova Constituição do Chile, de viés socialista, foi rejeitada por 61% dos votos
O presidente do Chile, Gabriel Boric, foi hostilizado nesta segunda-feira, 19, no desfile militar de comemoração das “Glórias do Exército Chileno”, na capital do país, Santiago.
“Vai cair, Boric”, disse um cidadão no vídeo que está circulando pelas redes sociais. “O Chile é, e será um país de liberdade”, continuou o manifestante, que também proferiu palavrões ao presidente.
No início do mês, o governo de Boric sofreu uma derrota nas urnas chilenas. O projeto de uma nova Constituição, apoiado pelo governo, foi rejeitado pela população — 61% disseram não à Carta Magna, que recebeu o apoio de apenas 30% dos chilenos.
Assim que os resultados começaram a ser divulgados, ouvia-se uma série de buzinaços e gritos de “Viva, Chile” nos arredores da Praça Dignidad, em Santiago. Com isso, o governo Boric ficou fragilizado, visto que ascendeu na esteira das manifestações de rua por uma nova Constituição. Em 2019, Boric, que era líder estudantil, autonomeou-se comandante dos atos e passou a pressionar Sebastián Piñera, ex-presidente do Chile.
No domingo 11, dia em que a destituição do então presidente Salvador Allende pelos militares completou 49 anos, manifestantes de extrema esquerda foram às ruas de Santiago em protesto contra a rejeição da Constituição do Chile.
Encapuzados, manifestantes de esquerda praticaram vandalismo contra os patrimônios público e privado e entraram em confronto com a polícia. Entre eles, havia estudantes de esquerda e membros do movimento extremista Antifa.
O que estabelecia a nova Constituição do Chile?
Entre outros pontos, a Carta Magna rejeitada poderia levar o país a uma ditadura socialista. O texto tratava de várias questões subjetivas, em vez de constitucionais. “Dessa forma, abre-se caminho para múltiplas interpretações no julgamento de casos concretos, podendo levar a uma situação em que a intervenção do Estado será maximizada”, constatou Vera Chemim, advogada constitucionalista e mestre em Direito público administrativo pela FGV.
“Ressalto um dos artigos: igualdade substantiva”, observou a especialista. “Trata-se de um conceito que remete ao filósofo búlgaro István Meszáros, cuja obra é socialista. Meszáros defende a construção de um mundo com ideais socialistas, apoiado na colaboração de vários cidadãos que se associam livremente a operar naquela nação social. O pensador discorre sobre o eterno debate entre liberdade e igualdade, priorizando essa última ao extremo. Ao fazer isso, evidentemente, cai-se em uma ditadura de esquerda.”