Contas do ex-procurador da República foram consideradas irregulares pela Segunda Câmara do Tribunal de Contas da União
O ex-procurador da República e pré-candidato a deputado federal Deltan Dallagnol (Podemos) reagiu, nesta terça-feira (9/8), à decisão da Segunda Câmara do Tribunal de Contas da União (TCU) que julgou irregulares as contas dele, do ex-procurador-geral Rodrigo Janot e do procurador João Vicente Romão, no âmbito da Operação Lava Jato.
“O órgão se junta àqueles que, ao invés de condenar o desvio de bilhões de reais de recursos públicos, decidem condenar aqueles que se dedicaram arduamente ao combate à corrupção”, afirmou Dallagnol, em um fio no Twitter.
“O sistema quer vingança. Este é mais um episódio que mostra o quanto o sistema político não tá nem aí para a sociedade e quer ver a Lava Jato longe do Congresso Nacional. Mostra até onde o sistema é capaz de chegar para impedir que o combate à corrupção avance no país”, prosseguiu o ex-procurador, que pode ficar inelegível devido ao julgamento da Câmara do TCU.
A defesa de Deltan Dallagnol e de Rodrigo Janot afirmaram que irão recorrer da decisão do tribunal.
A Tomada de Contas Especial (TCE), de relatoria do ministro Bruno Dantas, apurou supostas irregularidades nos pagamentos de diárias, passagens e gratificações por desoneração a procuradores da força-tarefa. Janot, Dallagnol e Romão foram apontados como gestores dos gastos da operação.
O relator do processo foi acompanhado pelos ministros Aroldo Cedraz, Antônio Anastasia e Augusto Nardes.
Dantas apontou que o modelo de gestão adotado pela força-tarefa foi “muito oneroso aos cofres públicos”, uma vez que determinados procuradores receberam diárias mesmo estando em locais onde tinham moradia.
No voto, Dantas, logo de início, leu um trecho do livro A Luta Contra A Corrupção, cujo autor é Deltan Dallagnol. O relato pessoal aponta como o ex-procurador organizou a Operação Lava Jato.
A atuação de Dallagnol, segundo o relator, contribuiu “inequivocamente” para o resultado danoso aos cofres públicos.
“Foi sob sua liderança que foi levado ao conhecimento da alta administração do Ministério Público Federal a extensão que os feitos relacionados às operações em andamento estavam tomando e que a unidade regional necessitaria de recursos adicionais para continuar as investigações”, afirmou o ministro do TCU.