Ministro do STF reprovou atuação dos militares na Comissão de Transparência das Eleições (CTE)
O ministro do Supremo Tribunal Federal(STF) Luís Roberto Barroso afirmou, nesta sexta-feira (5), não ter se arrependido de ter convidado as Forças Armadas para fiscalizar o processo eleitoral enquanto ocupou o cargo de presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Em Congresso da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo, Barroso disse que convidou representantes de doze entidades para a Comissão de Transparência das Eleições (CTE). Todas, segundo ele, acataram a sugestão do nome indicado pelo ministro para representar a instituição na fiscalização do processo eleitoral, menos as Forças Armadas.
Além disso, ele reprovou o envio de 80 questionamentos sobre o processo eleitoral por parte dos militares, os quais classificou como “surpreendentes”, e o pedido do Ministério da Defesa, de caráter urgente, para inspecionar os códigos-fonte das urnas eletrônicas. “As Forças Armadas pediram acesso urgentíssimo, mas [o prazo para solicitar o acesso] está aberto há 1 ano.
Apesar dos conflitos, Barroso diz não se arrepender de ter agido “com boa fé”. “Nunca na minha vida me arrependi de atuar com boa fé e integridade e não acredito que o mal possa mais que o bem”, disse.
“Vamos supor, não quero fazer nenhuma ilação ou radicalizar, que alguém estivesse utilizando as Forças Armadas para atacar o sistema. A culpa é do TSE, que em boa fé convidou uma entidade de Estado que já ajuda nas eleições e que desfruta de prestígio e credibilidade junto à sociedade brasileira para verificar a transparência das eleições e ajudar no que fosse possível?, questionou o ministro do STF.
Para Barroso, dizer que “a culpa” é do TSE “é um pouco como colocar a culpa na vítima”. “Mas queria deixar claro que a vítima não é tola, a vítima sabe como conduzir as coisas”, afirmou Barroso.