Os traficantes estão investindo na construção de barricadas para encurralar os agentes: ‘São verdadeiras obras de engenharia’
As ações da polícia para combater o crime organizado no Rio de Janeiro é dificultada por “táticas terroristas” usadas pelos bandidos para atacar os policiais. Isso ficou ainda mais evidente na semana passada, durante uma operação das polícias Civil e Militar no Complexo do Alemão, na zona Norte da capital.
Segundo o delegado Fabricio Oliveira, da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), os traficantes estão aplicando táticas diferentes para impedir que os policiais realizem as operações, dificultando a ação dos agentes nas comunidades. Uma delas é a de espalhar barricadas com fogo — barreiras construídas como escudo — nas ruas de acesso.
“A gente percebe hoje algumas barricadas que são verdadeiras obras de engenharia, muito pesadas. É um investimento pesado de dinheiro do tráfico ali. Elas não permitem que os blindados e outras viaturas trafeguem nas favelas”, disse o delegado. “Houve uma multiplicação desses obstáculos nas vias. Esse tipo de barricada tem sido visto no Salgueiro, São Gonçalo, Vila Cruzeiro e no Complexo do Alemão.”
Na operação da semana passada, uma moradora do Complexo do Alemão foi morta com um tiro de fuzil perto de uma barricada de concreto. O local fica a menos de 100 metros da base da Unidade de Polícia Pacificadora.
“Quando existem essas barricadas no terreno, o criminoso fica muito mais à vontade para atirar contra a polícia, isso aumenta muito o risco de balas perdidas”, explicou Oliveira.
Ainda segundo o delegado, as táticas usadas pelos criminosos vão além, como espalhar óleo nas ladeiras para prejudicar a entrada de veículos e colocar a população como escudo humano nos confrontos.
“É uma doutrina militar colocar um obstáculo numa via e proteger aquele obstáculo com fogo pesado. Nós vimos, além de táticas militares empregadas contra a polícia, táticas de guerrilha, com óleo jogado nas ladeiras, e táticas que a gente pode afirmar que são terroristas, usando a população como escudo humano”, explicou.
O delegado ainda reforçou que é preciso um esforço das instituições públicas e da sociedade para impedir esse tipo de ação terrorista. “Tem que ser um compromisso não apenas da polícia, mas de todos para impedir que isso seja visto como uma coisa normal”, concluiu.