Ex-ministro defendeu Dilma e disse que petista sofreu ‘golpe’
O ex-ministro da Casa Civil Zé Dirceu disse que o Mensalão nunca existiu. A declaração foi proferida durante uma entrevista à rádio Band News, em que o petista comentou a mais recente troca de farpas entre Dilma Rousseff e Temer.
“Certas coisas não se pode apagar”, observou Dirceu. “Houve um golpe de Estado, porque ele era vice-presidente. A Dilma jamais violou a Constituição. Eu, por exemplo, fui condenado no chamado Mensalão, que nunca existiu.”
Segundo Dirceu, ele foi condenado “sem provas porque a literatura permitia”. “O outro magistrado disse que o ônus da prova cabia aos acusados”, afirmou. “E o outro me condenou pelo domínio de fato, mas aí o autor veio ao Brasil e disse que não cabia. Então, são condenações meramente políticas”.
O que foi o Mensalão
Trata-se de um escândalo que consistiu em repasses de fundos de empresas, que faziam doações ao Partido dos Trabalhadores (PT), para obter apoio de políticos. O esquema de corrupção começou em 2002 e só em 2005 foi descoberto, por meio de uma gravação secreta.
Nessa gravação, Maurício Marinho — na época chefe do departamento de Contratação dos Correios — foi flagrado recebendo propina de R$ 3 mil em nome do deputado federal Roberto Jefferson (PTB).
Depois de o vídeo ter sido divulgado, Marinho fez uma delação sobre os detalhes do Mensalão — que envolvia não apenas os Correios e o PTB, mas também o PT e o então PMDB. Após o flagrante, Jefferson também delatou todo o esquema de corrupção. Ele disse que Delúbio Soares, então tesoureiro do PT, destinava uma mesada de R$ 30 mil para congressistas apoiarem o governo Lula.
Além desses, Zé Dirceu — ministro da Casa Civil na época —, José Adalberto Vieira da Silva, Marcos Valério e Kátia Rabello também foram destaques do crime. Enquanto Dirceu foi acusado de chefiar a organização do esquema de propina, José Adalberto virou manchete nacional ao ser encontrado com milhares de dólares na cueca, em uma passagem pelo Aeroporto de Congonhas.
Já Marcos Valério foi indiciado por desviar dinheiro por meio de agências publicitárias e Kátia Rabello, por realizar lavagem de dinheiro e empréstimos ilegais.
Condenação de Dirceu
Em novembro de 2012, o Supremo Tribuna Federal condenou Zé Dirceu a 10 anos e 10 meses de reclusão por ter sido um dos articuladores do Mensalão. No mesmo processo, o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares foi condenado a 8 anos e 11 meses, e o ex-deputado José Genoíno, a 6 anos e 11 meses.