À medida que se aproxima o fim do mandato do CEO da Vale, Eduardo Bartolomeo, marcado para o final de maio, as disputas entre os acionistas da mineradora atingem novos patamares, intensificando-se desde que a empresa se transformou em uma corporação com capital pulverizado e sem controle definido, em 2020.
Nos últimos pouco mais de um ano, duas mudanças significativas alteraram a dinâmica das forças envolvidas: a gigante do setor de açúcar e etanol, Cosan, tornou-se acionista, e, sobretudo, o PT retornou ao Palácio do Planalto. Apesar de o governo ter perdido influência direta na Vale, mantém um poder indireto e vinha exercendo pressão para nomear o ex-ministro Guido Mantega como líder da empresa.
Na complexa trama de sucessão, alguns protagonistas se destacam:
Luiz Inácio Lula da Silva (Lula): Desde o início do governo, rumores nos bastidores indicam o interesse do presidente Lula em indicar o ex-ministro Guido Mantega para a presidência da Vale. Na quinta-feira, ao completarem-se cinco anos da tragédia de Brumadinho (MG), Lula criticou publicamente a mineradora em postagem nas redes sociais.
Alexandre Silveira: Ministro de Minas e Energia, atua como emissário de Lula para indicar Mantega como presidente da Vale, conforme revelações do colunista do O Globo Lauro Jardim. Silveira surgiu como figura-chave após a divulgação de uma articulação para indicar Mantega apenas para o Conselho. Recentemente, ligou para representantes de acionistas da Vale defendendo a nomeação de Mantega.
Eduardo Bartolomeo: Atual CEO da Vale, Bartolomeo é um engenheiro com MBAs na Bélgica e nos EUA. Já trabalhou na mineradora entre 2004 e 2012, retornando em 2018 como diretor na operação do Canadá. Assumiu a posição de CEO após a demissão de Fabio Schvartsman em decorrência da tragédia de Brumadinho.
Guido Mantega: Economista e figura histórica do PT, Mantega foi o ministro da Fazenda mais longevo da história do Brasil. Além de ter sido ministro do Planejamento e presidente do BNDES, ele nunca liderou uma empresa do porte da Vale. Mantega foi investigado em casos relacionados à Operação Lava Jato e por desvios na legislação sobre as contas públicas, mas não possui condenações.
O desenrolar dessas negociações e as escolhas para a sucessão na Vale continuam a ser observados de perto, enquanto a empresa enfrenta desafios significativos no cenário corporativo e político.
Com informações do jornal O Globo.