No início da manhã deste sábado (27), mais uma loja no centro de São Paulo foi alvo de arrombamento. Na última semana, outros dois locais também foram atacados pela “gangue da portinhola”, como a quadrilha foi apelidada pelos comerciantes.
No roubo desta manhã, o proprietário estima que 90% dos produtos foram levados, causando um prejuízo de cerca de R$ 300 mil. Na madrugada de terça-feira (23), a quadrilha já tinha tentado entrar na loja, mas sem sucesso.
“Vamos perder tudo, não temos seguro, nessa região é muito caro. Agora encerraremos as atividades aqui, fecharemos a loja”, afirma o comerciante José Paulo de Souza à CNN.
As imagens das câmeras de segurança mostram dezenas de pessoas na Rua Santa Ifigênia, uma das vias mais importantes do centro de São Paulo, saqueando a loja em plena luz do dia, por volta das 6h deste sábado.
“Com certeza são usuários da Cracolândia, foram dezenas de pessoas invadindo. A Cracolândia mudou daqui, tá uns três quarteirões para baixo, mas eles ficam andando”, explica Paulo.
A loja de material eletrônico tem outras cinco unidades na região. O proprietário relembra que uma das unidades foi alvo do mesmo crime há três anos. “Foi no mesmo quarteirão, na cara da polícia e ninguém faz nada”.
Paulo ainda relata a dificuldade para registrar um boletim de ocorrência. “O 3°DP não faz B.O de sábado e domingo, vou ter que abrir um digital e fazer o físico na segunda-feira”.
O comerciante percebeu um aumento de policiamento durante o dia, mas pontua a falta de policiais no turno da noite, “não tem nada”. Paulo conta também que um vizinho da loja foi até um posto próximo da Guarda Municipal, que fica a cerca de 500 metros da loja, mas os guardas negaram ir até o local, “disseram que era área da PM”.
À CNN, por meio de nota, a Secretaria Municipal de Segurança Urbana informou que não há delimitações de territórios em policiamentos na região e solicitou que a Corregedoria da Guarda Civil Metropolitana apure os fatos narrados.
Pelo horário das câmeras de segurança, uma viatura da Polícia Militar chegou ao local 15 minutos após o arrombamento, quando o grupo já tinha se dispersado.
Em nota à CNN, a Secretaria de Segurança Pública informou que fortaleceu as operações de policiamento ostensivo e preventivo, aumentando o contingente policial com a adição de 120 policiais militares nas ruas.
Outros casos
O empresário Francisco Helio de Freitas Maia, de 60 anos, também foi alvo da “gangue da portinhola”. Dois imóveis do lojista, no centro de São Paulo, foram arrombados na semana passada.
O primeiro arrombamento aconteceu na madrugada de quarta-feira (18), em uma loja que está disponível para aluguel. Por isso, os danos materiais não foram tão altos. “Levaram só o micro-ondas e botijão de gás”, conta Helio.
O segundo imóvel invadido foi uma loja de equipamentos para motociclistas. O arrombamento aconteceu no fim da madrugada de sexta-feira (19). “Levaram mais de 100 capacetes. O prejuízo estimado é de 70 mil reais”, relata o empresário.
O empresário conta que está há pelo menos 30 anos com ponto comercial no centro de São Paulo. “Já fui vítima várias vezes de diferentes eventos, cada época tem um tipo de crime”, relata.
Dessa vez, o empresário conta que, além dos furtos de celulares durante o dia, os criminosos estão usando as portinholas dos portões para fazer o arrombamento. Segundo o lojista, é a “gangue das portinholas”.
A empresária Marlene Alves também foi vítima da quadrilha. Assim como Helio, a loja de Marlene foi alvo dos criminosos duas vezes em um curto período de tempo. “O primeiro episódio foi no dia 12, por volta das 3h30. O segundo foi no dia 16, na mesma loja”, relata a lojista.
No segundo arrombamento, no último dia 16, os criminosos não chegaram a entrar na loja. “Quando eles tentaram, os seguranças da rua impediram que eles entrassem”.
Assim como o imóvel de Helio, a loja de Marlene também foi acessada pelos criminosos através da portinhola. “Eles arrombaram a loja pela portinhola, fez uma brecha nela. Eles furtaram cabos, que é o que a gente vende. Eles são rápidos, ficam no máximo 10 minutos”.
Marlene estima um prejuízo de cerca de 15 mil reais, além dos cabos, os criminosos também furtaram uma televisão. “Ainda estamos fazendo um levantamento para entender o que de fato eles levaram”.
Nota – Secretaria Municipal de Segurança Urbana
A Secretaria Municipal de Segurança Urbana esclarece que não há delimitações de territórios em policiamentos na região. A Guarda Civil Metropolitana (GCM) atua 24 horas no centro da cidade com patrulhamento preventivo a pé e motorizado e ainda com a base comunitária. Além disso, presta apoio às ações policiais.
A pasta informa que já solicitou que a Corregedoria da Guarda Civil Metropolitana apure os fatos narrados e reforça que não compactua com nenhuma conduta inadequada e tem o compromisso de assegurar que a atuação dos guardas busque atender a população de forma eficiente e proativa.
Nota – SSP
A SSP fortaleceu as operações de policiamento ostensivo e preventivo, aumentando o contingente policial com a adição de 120 policiais militares nas ruas. Além disso, a SSP tem implementado diversas operações, destacando-se a “Resgate”, que resultou na apreensão de quase mil aparelhos celulares. Como resultado dessas iniciativas, ao longo de 2023 em comparação com 2022, os casos de roubo em geral apresentaram uma redução de 6,7% na região central de São Paulo, referente à 1ª Delegacia Seccional (Centro), totalizando 9.597 casos a menos. No período, foram efetuadas 39.140 prisões/apreensões, representando um aumento de 14,35% em relação a 2022. Adicionalmente, 1.920 armas de fogo foram retiradas das ruas, contribuindo para enfraquecer as atividades ilícitas na região.
Em dezembro, o Governo do Estado e a Prefeitura de São Paulo anunciaram a implementação de novas ações conjuntas para intensificar o policiamento e revitalizar a região central. Ambas as administrações autorizaram a disponibilização de quatro edifícios destinados a abrigar serviços públicos ou privados no centro. Além disso, foi oficializada a tabela de novos valores da gratificação concedida a policiais e bombeiros que reforçam a segurança na capital por meio da chamada Atividade Delegada.
Com informações da CNN Brasil.