Um estudo recente trouxe à tona novas informações sobre as antigas incursões marinhas que inundaram a Amazônia Ocidental, enriquecendo sua biodiversidade, incluindo a presença de golfinhos de água doce. Pesquisadores apontam que, entre 23 milhões e 8,8 milhões de anos atrás, a fonte mais provável dessas incursões foi o Mar do Caribe, com a água penetrando na região através da Bacia do Rio Orinoco, na Venezuela.
A pesquisa destaca a importância de compreender o passado distante da Amazônia para prever seu futuro, especialmente diante das mudanças climáticas. O estudo sugere que as incursões marinhas ocorreram durante o final do Mioceno, um período de aquecimento global, com temperaturas muito superiores ao aumento de 2 °C almejado pelo Acordo de Paris.
Contudo, os cientistas alertam que o aquecimento global atual está ocorrendo em uma escala de tempo muito mais curta, combinado com taxas alarmantes de incêndios e desmatamento. Esses fatores deixam pouco tempo para que as espécies animais e vegetais se adaptem, aumentando o risco de extinção em massa.
O estudo também revela que a região que agora abriga a Floresta Amazônica ocidental era, no passado, um megapântano periodicamente inundado pelo mar. Os pesquisadores afirmam que a mistura de ambientes de água doce e salgada, juntamente com nutrientes trazidos pelos rios Andinos, criou um ambiente propício para a espetacular biodiversidade amazônica.
Além disso, a pesquisa destaca a possibilidade de um terceiro e mais significativo período de incursões marinhas durante o final do Mioceno, corroborando estudos anteriores. Essa descoberta, segundo os cientistas, amplia nossa compreensão sobre a intensidade e a duração desse fenômeno, influenciando a formação da biodiversidade amazônica.
Os resultados apontam para um vasto pântano chamado Pebas Mega, lar de animais gigantes como crocodilos e tartarugas, moldado pelas incursões marinhas. O estudo também indica que o surgimento da Cordilheira dos Andes permitiu a entrada da água do mar na região, criando esse ambiente propício.
Por fim, os pesquisadores ressaltam que o conhecimento sobre o passado amazônico é crucial para entender os desafios enfrentados pela região, especialmente diante do atual cenário de mudanças climáticas aceleradas, desmatamento e incêndios recordes. Projetos futuros, como o maior projeto de amostragem na Amazônia, buscam fornecer dados mais precisos sobre o passado da região e suas respostas às mudanças climáticas.
Com informações do Mongabay.