Um relatório produzido pelo estrategista de economia e finanças do Bank of America para América Latina, destrinchou as expectativas do primeiro ano de governo Milei na Argentina.
Segundo Sebastian Rondeau, o ajuste fiscal proposto por Milei pode reverter o quadro de déficit nas contas públicas já em 2024. A expectativa do analista é de que a Argentina saia de um déficit de 2% do PIB em 2023, para um superávit de 1% do PIB neste ano. O número é mais modesto do que as expectativas do governo, que preveem um superávit de 2% do PIB.
O problema argentino, entretanto, concentra-se mais nas contas externas. Neste caso, o BofA prevê também uma melhora. O déficit nas contas externas da Argentina deve sair de 4,4% em 2023, para um superávit de 1%.
Segundo Sebastian, a perspectiva de uma boa safra no primeiro trimestre deve reduzir a diferença do dólar paralelo para o dólar oficial para cerca de 20%. Neste momento, o dólar paralelo atinge sua máxima histórica, cotado a 1250 Pesos por dólar, uma diferença de 50% em relação à cotação oficial (que já havia sido desvalorizada em dezembro, pelo próprio governo).
Recessão e inflação: o cenário da Argentina em 2024
A inflação argentina atingiu 214% em 2023, com o BofA estimando um número praticamente idêntico em 2024, de 210%.
A economia também deverá entrar em recessão, já no primeiro trimestre do ano, podendo cair até 3% em 2024.
O tamanho da recessão será um fator decisivo na capacidade do governo Milei de implementar seu ajuste fiscal, tendo em vista a correlação entre atividade econômica e a capacidade de arrecadação do governo.
O governo prevê que o ajuste de 5% do PIB será feito com 3% do PIB em cortes de gastos, como subsídios, além de 2% do PIB em aumento de arrecadação (o que não implica necessariamente aumento de alíquotas de impostos).
Banco Central volta a acumular dólares
Em meio a uma renegociação com o FMI, e negativas chinesas em estender o auxílio via swap cambial, o BCRA, Banco Central argentino, voltou a comprar dólares no mercado.
Em dezembro, o banco comprou ao menos US$4 bilhões, o que implica uma aceitação do mercado em receber pesos em troca. O valor foi parcialmente utilizado para quitar dívidas e as reservas em dólar da Argentina subiram US$3 bilhões.
Este número é especialmente relevante tendo em vista que a maior parte das reservas internacionais argentinas encontra-se em Yuans, fornecidos pela China, que por meio de um acordo com o governo anterior, havia recebido pesos em troca. Pequim tem dito que a postura de Milei, que em campanha disse não ter intenções de negociar com comunistas, dificulta a renovação do acordo.
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