Mais estudantes com deficiência estão matriculados no ensino fundamental, apesar disso, parte deles acaba evadindo nos anos finais. É o que revela um estudo da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e da Organização das Nações Unidas para Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), cujo relatório foi lançado nesta terça-feira (30)
A pesquisa intitulada “Inclusão, equidade e desigualdades entre estudantes da escolas públicas do ensino fundamental no Brasil” revela que crianças e jovens com deficiência matriculadas no ensino fundamental somavam 1,9% em 2013, 2,5% em 2015 e 2,9% em 2017. “O crescimento do percentual das matrículas no período denota o reconhecimento do direito ao acesso dessa população à escola”, argumentam.
A taxa de crianças com deficiência matriculadas é maior nos anos iniciais do fundamental, quando comparado com os anos finais: 3,2% e 2,5%, respectivamente. “A queda no número absoluto de matrículas de alunos com deficiência ou TGD nos anos finais, em comparação com o número de matrículas nos iniciais sugere que muitas dessas crianças saem do ensino regular para outra modalidade ou evadem na transição entre etapas ou níveis educacionais”. Os pesquisadores alertam que o mesmo acontece entre os alunos sem deficiência. A concentração de estudantes com deficiência é maior no Sul e Centro-Oeste.
A professora Valéria Oliveira, do Núcleo de Pesquisa em Desigualdades Escolares (Nupede), apresentou que houve uma queda no percentual de matrículas de educação especial em classes exclusivas de 2013 para 2017. Nos anos iniciais do ensino fundamental, a redução foi de 11,3% para 7,4%; já nos anos finais foi de 1,6% para 0,9%
“A diminuição de estudantes em classes exclusivas é um ganho, pois essa não é a forma adequada para inclusão. A maior parte deles estão em turmas regulares. De 100% dos alunos com deficiência, 95,2% estão matriculados em classes comuns e 4,8% em classes exclusivas”, afirmou.
A educadora ponderou ainda que em escolas com mais alunos com deficiência, “existem mais professores com formação acadêmica adequada para educação especial”.
Veja os números de matrículas nas escolas públicas de ensino fundamental nos anos iniciais e finais:
- 2013: 2,3% — 1,5%
- 2015: 2,9% — 2,0%
- 2017: 3,2% — 2,5%