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Estoque só seria suficiente para atender 8,19% do grupo prioritário; ministra da Saúda diz que ainda não há uma estratégia de vacinação
Apesar de o Brasil registrar recorde de mortes por dengue em 2023, o Ministério da Saúde ainda não tem um plano efetivo de vacinação. O principal obstáculo é a quantidade de doses disponíveis: até o momento, o órgão só tem o suficiente para imunizar 2,5 milhões de brasileiros. Soma-se a isso a ausência de uma estratégia definida para complementar as vacinas ofertadas, assim como para estabelecer Estados e municípios prioritários na lista de espera pelas doses.
Em reunião na 2ª feira (15.jan.2024), ficou definido que o ministério seguirá as orientações da OMS (Organização Mundial da Saúde) e vacinará primeiro crianças e adolescentes em idade escolar, de 6 a 16 anos. O grupo, no entanto, é composto por 30,5 milhões de pessoas no país, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o que demandaria um plano mais detalhado de priorização na vacinação.
“Ainda não está fechado como vai ser a vacinação. Depende da faixa etária, mas também do Estado ou município mais afetado. Nós vamos estar olhando faixa etária, disponibilidade de vacinas, porque são precisas 10 milhões de doses mais ou menos para vacinar essa população”, disse a ministra da Saúde, Nísia Trindade, em Davos, na Suíça, a jornalistas. A citação foi publicada pelo jornal Folha de S.Paulo.
O Poder360 questionou o Ministério da Saúde sobre quando o plano de vacinação definitivo será divulgado e quais estratégias de complementação das doses estão em andamento. O órgão, porém, não retornou os contatos até a última atualização desta publicação. O espaço segue aberto.
A expectativa é de que a imunização da população comece no próximo mês, mas ainda não há informações sobre como o ministério seguirá nas etapas seguintes. Em Davos, a ministra afirmou que receberá a doação de novas doses para complementar as 5 milhões ofertadas pela fabricante Takeda ao SUS (Sistema Único de Saúde), mas não disse o número esperado.
O Brasil registrou 1.079 mortes por dengue de 1º de janeiro de 2023 a 27 de dezembro de 2023, segundo dados do Sinan (Sistema de Informação de Agravos de Notificação), do Ministério da Saúde. Na série histórica divulgada pelo ministério, também com base no Sinan, o maior número de mortes no período de 1 ano completo foi registrado em 2022, quando chegou a 1.053 casos. Em seguida, aparece o ano de 2015, com 986 mortes.
O país lidera o número de casos de dengue no mundo, com 2,9 milhões registrados em 2023, de acordo com a OMS. Os casos são mais da metade dos 5 milhões registrados mundialmente. Do total de casos constatados no Brasil, 1.474, ou 0,05% do total, são casos de dengue grave, também chamada de dengue hemorrágica. O país é o 2º na região com o maior número de casos mais graves, atrás só da Colômbia, com 1.504 casos.