Foto: Myke Sena / Câmara dos Deputados
Deputado manteve contato “que extrapolaria fins políticos” com manifestantes que lideravam mobilizações em quartéis, segundo investigadores
Na representação que enviou ao ministro Alexandre de Moraes —e que motivou a fase da operação Lesa-Pátria que mira o deputado federal Carlos Jordy (PL-RJ; foto)—, o Ministério Público Federal (MPF) diz que o deputado mantinha troca constante de mensagens com lideranças de direita. Um deles, Carlos Victor de Carvalho, seria um dos financiadores dos atos de 8 de janeiro de 2023.
O vínculo entre Jordy e CVC é definido, nas 13 páginas do documento, como algo “extrapola eventuais fins políticos partidários [sic], demonstrando intenção de ordenar a prática de crimes contra o Estado Democrático de Direito.”
“Bom dia meu líder”, disse CVC a Jordy em um dos registros. Ele completou: “Qual direcionamento você pode me dar? Tem poder de parar tudo”.
As mensagens foram trocadas enquanto ocorriam bloqueios de rodovias pelo Brasil, segundo o relatório do MPF. O documento também destaca que Jordy falou por telefone com CVC enquanto ele já estava foragido.
Carvalho é ex-assessor do deputado estadual pelo Rio de Janeiro Fillipe Poubel (PL) e chegou a ser candidato a vereador em Campos dos Goytacazes (RJ). Na cidade, CVC chegou a participar da organização de atos em protesto.
“Ditadura”
Mais cedo, ao comentar a operação contra si, Jordy (que é líder da Oposição na Câmara), chamou de “ditadura” a operação. “Eu estava dormindo com a minha filha e com a minha esposa e fui acordado pela Polícia Federal. Os agentes até foram bem-educados, mas eles disseram que estavam apenas fazendo o trabalho deles. Eu não sabia do que se tratava até ver as notícias”,disse o parlamentar.
“É inacreditável o que nós estamos vivendo. Esse mandado de busca e apreensão determinado pelo ministro Alexandre de Moraes é uma constatação de que estamos vivendo em uma ditadura. Eu, em momento algum do 8 de janeiro, incitei, falei para as pessoas que aquilo era correto. Em momento algum estive nos quartéis-generais e nunca apoiei nenhum tipo de ato anterior ou depois do 8 de janeiro”, acrescentou.
Deltan Dallagnol, o ex-deputado e ex-procurador da Operação Lava Jato, saiu em defesa do parlamentar. O líder do PL no Senado, Carlos Portinho (RJ), cobrou maior engajamento de Rodrigo Pacheco (PSD-MG), presidente do Congresso, no caso.
O Antagonista