Colunista do portal UOL, o escritor e crítico literário Julían Fuks causou indignação nas redes sociais após publicar um texto no site defendendo a contratação de um “terrorista disposto a trabalhar no feriado de 7 de Setembro” e a dar “o fim devido” ao coração preservado de D. Pedro I.
– Precisa-se de terrorista, capaz de um ato sutil que transforme a história. (…) Precisa-se de um terrorista ocioso e sonhador, um desses seres poéticos que se veem tão pouco à vontade em nosso tempo. Precisa-se de um terrorista inadaptado às urgências opressivas do trabalho, mas disposto a trabalhar no feriado de 7 de setembro – escreveu Fuks no início de seu texto.
O escritor prossegue defendendo a necessidade de um “terrorista que conheça a história” e afirmando que não houve “nada de heroico” na história da Independência brasileira.
– Precisa-se de um terrorista ateu, que não veja nada de sagrado ou de intocável nos restos de um sujeito que morreu há quase duzentos anos. Que compreenda que o coração não é mais que uma víscera entre tantas, e que essa víscera de um velho e infame governante já deveria ter apodrecido como qualquer outra, como as de qualquer homem comum, já deveria ter se tornado carne para os vermes – assinala mais adiante.
Fuks também se refere ao presente, pedindo por um terrorista “que perceba que agora se repete o desejo de permanência forçada no poder, a mesma ideia de que um homem messiânico deveria continuar a imperar, contra a vontade das gentes”.
O colunista finaliza enfatizando sua busca por um “terrorista inventivo e sutil, um terrorista inteligente, que conceba uma maneira mais razoável de tratar o coração pútrido de Dom Pedro I”.
– Alguém que saiba dar o fim devido ao coração de um imperador autoimposto, para devolver enfim ao povo seu coração próprio, vivo, vermelho – concluiu.