O Comitê de Investigação da Rússia afirmou que o atentado que matou a jornalista e cientista política Darya Dugina “foi planejado com antecedência e contratado por terceiros”. A russa de 30 anos dirigia um Toyota Land Cruiser que explodiu na cidade de Bolshie Viaziomy, a cerca de 40 km de Moscou. Um explosivo foi colocado embaixo do veículo conduzido por Dugina. As autoridades russas agora investigam se o alvo era mesmo a jornalista ou seu pai, Alexander Dugin, ideólogo ultranacionalista e com extrema influência sobre o presidente russo Vladimir Putin. Um amigo de Darya contou à agência de notícias Tass, da Rússia, que o carro pertencia ao pai dela. Segundo ele, Dugin resolveu trocar de automóvel na última hora — os dois estavam juntos em um festival nacionalista.
Em guerra com a Rússia desde fevereiro, a Ucrânia nega a autoria do atentado. “Enfatizo que a Ucrânia, claro, não tem nada a ver com isso, porque não somos um Estado criminoso, como é o caso da Federação Russa, e muito menos um Estado terrorista”, disse Mykhailo Podolyak, porta-voz do governo de Volodymyr Zelensky. A Rússia, no entanto, não está convencida e afirma que, se for comprovada a participação do país inimigo tratará o caso como “terrorismo de Estado”. Denis Pushilin, líder da autoproclamada República Popular de Donetsk, no leste da Ucrânia, publicou em sua conta no Telegram acusações contra os ucranianos. “Terroristas do regime ucraniano tentaram liquidar Alexander Dugin, mas mataram sua filha.” A informação é da Jovem Pan News.
Dugin, um dos principais pensadores da Rússia, difunde no país a teoria do eurasianismo. Segundo este pensamento, o país não pertence nem à Europa, nem à Ásia, mas à Eurásia. Sendo assim, os eurasianistas acreditam que a Rússia deve se contrapor ao mundo ocidental. O movimento também defendem que o país retome todos os territórios que faziam parte da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas. A aproximação de Putin com Dugin e seu pensamento aconteceu em 2000. Foi o analista político quem influenciou o presidente russo anexar a Crimeia, em 2014. Desde então, o filósofo está sob sanção da União Europeia.