Foto: Reprodução/ Facebook
Acredita-se que Demi Agoglia tenha sofrido vários ataques cardíacos causados por uma embolia gordurosa, principal causa de morte relacionada ao procedimento
Embolia gordurosa ocorre quando partes da gordura entram em vasos sanguíneos e se alojam no pulmão e no coração, causando morte súbita. Esta é a principal causa de morte relacionada ao procedimento. Nos Estados Unidos, a cada três mil cirurgias feitas de enxerto no glúteo resultam em ao menos uma morte. Essa taxa de letalidade é a mais alta para qualquer procedimento estético.
De acordo com a família, Agoglia teria sentido fortes dores no peito e teria voltado a clínica com o namorado, Bradley Jones, para fazer um check-up, mas teve um ataque cardíaco em um táxi a caminho do hospital. A jovem foi levada para a terapia intensiva, mas foi declarada morta dias depois.
Bradley é quem precisou fazer massagens cardíacas para tentar reanimar a jovem no carro. Agoglia teria voado para a Turquia mesmo sabendo que toda a sua família foi contra a cirurgia.
“É trágico o que aconteceu. Estamos apenas em choque. Ela foi a Istambul para fazer isso. Ninguém queria que ela saísse e fizesse isso, nem o namorado dela, nem a nossa mãe. Se alguém está pensando em voar para a Turquia para uma operação, eu diria que não faça isso é um risco muito alto”, disse o irmão de Agoglia, Carl.
O caso acontece anos depois de outra mulher morrer após realizar o mesmo procedimento na Turquia. Melissa Kerr, 31 anos, moradora de Norfolk, no Reino Unido, estava constrangida com sua aparência e decidiu viajar para a Turquia e realizar o procedimento no hospital privado Medicana Haznedar.
Um inquérito sobre o caso revelou que a paciente recebeu apenas “informações limitadas sobre os riscos e a taxa de mortalidade” associados à operação. Estima-se que ao menos 20 mulheres morreram na Turquia fazendo a cirurgia desde 2019.
Autoridades do Reino Unido se reuniram com autoridades da Turquia após a morte da britânica. Eles querem “encorajar todos os prestadores que tratam cidadãos do Reino Unido a cumprirem as melhores práticas internacionais em procedimentos pré-operatórios sempre que possível”.
Lifting de bumbum brasileiro
O procedimento chamado Brazilian Butt Lift (BBL) ou “levantamento de bunda brasileiro”, envolve a retirada de gordura de outras partes do corpo para serem injetadas nas nádegas de forma a remodelá-las e deixá-las mais arredondada e maior.
No Brasil, a cirurgia consiste em retirar, por meio de uma lipoaspiração, gorduras da região dos braços, flancos, ancas, cintura, abdômen, parte interna das coxas e culote, para enxertar nos glúteos em regiões selecionadas. Normalmente são colocadas nas áreas superiores, laterais e no sulco interglúteo (entre as duas nádegas), regiões que não possui muitos vasos sanguíneos, o que diminui o risco de ter uma embolia gordurosa. O tecido é injetado no subcutâneo e, em poucos casos, com pequenas quantidades, dentro do músculo. Também há um limite para o volume da gordura — no máximo 400 milímetros em cada nádega — e o enxerto é realizado por cânulas finas que medem de 10 a 50 centímetros.
— Nos Estados Unidos o procedimento funciona com diferenças essenciais na forma e no volume. Primeiro que a gordura é decantada, ou seja, mais fluída, e, portanto, propensa a escapar por dentro dos vasos sanguíneos, levando a uma embolia. O segundo é que o enxerto é feito na região sulco inferior, próximo a vasos sanguíneos calibrosos. A gordura é injetada por uma bomba que empurra o tecido para dentro da nádega ocupando regiões mais internas, incluindo o músculo do glúteo. Além disso, o procedimento visa um aumento da nádega por inteiro com aplicações de em média um litro em cada glúteo — explica o cirurgião plástico Raul Gonzalez, membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica e criador da cirurgia por enxerto de gordura dos glúteos, em entrevista recente ao GLOBO.