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Marta pediu demissão nesta terça-feira ao prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes(MDB), do cargo de secretária de Relações Internacionais, que ocupou durante três anos. A saída ocorre após a agora ex-secretária se encontrar com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva no dia anterior, onde recebeu o convite para se filiar novamente ao PT e ser vice de Boulos.
Marta se filiou ao PT em 1981 e foi prefeita de São Paulo de 2001 a 2004. Na época, ela reforçou a ligação com o partido ao se denominar “dona Marta do PT”, em referência ao apelido dado pelo oponente Paulo Maluf no segundo turno do pleito. Marta tentou a reeleição, mas foi derrotada por José Serra (PSDB).
Posteriormente, a ex-prefeita foi eleita senadora e atuou como ministra do Turismo (2007-2008) e da Cultura (2012-14). Após deixar a pasta, Marta reassumiu o mandato no Senado, que terminou em janeiro de 2019.
Em 2015, Marta irritou integrante da sigla por ter se referido ao escândalo da Petrobras como “roubalheira” em uma coluna publicada no jornal Folha de S. Paulo. Na ocasião, a ex-prefeita também criticou a então presidente Dilma Rousseff (PT). Em um cenário pós-eleitoral, Marta ainda ratificou as acusações da oposição, em especial do senador derrotado nas urnas Aécio Neves (PSDB-MG), de que a petista mentiu durante a campanha para se reeleger.
“Afunda-se o país e a reeleição navega num mar de inverdades, propaganda enganosa cobrindo uma realidade econômica tenebrosa, desconhecida pela maioria da população”, escreveu no texto para a Folha.
Marta deixou o PT cerca de uma mês após o ataque púbico. Na carta de desfiliação, a então senadora paulista voltou a criticar a sigla na qual militou por três décadas. No texto ela afirma que é de “conhecimento público” que o partido tem sido o “protagonista de um dos maiores escândalos de corrupção que a nação brasileira já experimentou”.
“Mesmo após a condenação de altos dirigentes, sobrevieram novos episódios a envolver a sua direção nacional. No meu sentir e na percepção de toda a nação, os princípios e o programa partidário do PT nunca foram tão renegados pela própria agremiação, de forma reiterada e persistente”, dizia Marta no documento, ao citar que os crimes investigados geram não só “indignação”, mas também um “grande constrangimento”.
Fora do partido, Marta votou a favor do impeachment da ex-presidente Dilma em 2016. No mesmo ano, afirmou nas redes sociais que o atual ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), foi o “pior prefeito” da história de São Paulo.
Boulos afirmou nesta terça-feira que não conversou com Marta sobre ela compor sua chapa nas eleições. A decisão sobre a definição de sua vice deve ser tomada exclusivamente pelo PT, afirmou ele.
— Vamos dar tempo ao tempo. O processo da definição da vice está sendo conduzido pelo Partido dos Trabalhadores. Não conversei com a Marta após o encontro dela com o presidente Lula — afirmou Boulos.
Nos bastidores, dirigentes do PT atribuem o convite pessoal do presidente da República ao fato de Nunes ter se aproximado do ex-presidente Jair Bolsonaro. Dentro do PSOL, o nome da ex-prefeita, depois de ela ter apoiado o impeachment de Dilma Rousseff e se aliado ao ex-presidente Michel Temer, causa desconforto.
No entanto, o acordo entre PSOL e PT, selado em 2022 quando o líder sem-teto se retirou da disputa pelo governo de São Paulo para se aliar a Fernando Haddad — em troca do apoio de Lula a Boulos em 2024 —, é que os petistas teriam carta branca para escolher o nome para a vaga. Marta surgiu mais como alguém da vontade de Lula do que de uma construção coletiva na sigla que comanda o Planalto.
O Globo