Um vídeo que circula nas redes sociais neste sábado (6) mostra o momento em que guarda-vidas de Santa Catarina retiram do mar um filhote de tubarão-martelo, com a ajuda de banhistas. O caso ocorreu em Laguna, no Sul do Estado, e chamou atenção dos especialistas pela forma como foi “resgatado” o animal. O tubarão-martelo é ameaçado de extinção e protegido por lei.
O Corpo de Bombeiros de Laguna informou que, após ser retirado da água, o tubarão foi solto novamente em águas mais profundas. A conduta, no entanto, é considerada inadequada por especialistas como o pesquisador Jules Soto, curador do Museu Oceanográfico da Univali, em Balneário Piçarras. Segundo ele, em casos como esse o animal não deve ser retirado da água em nenhuma hipótese:
– O correto seria devolver para a água imediatamente, ou manter na água em movimento até chegar alguém que possa levar pra águas mais profundas. Não é dessa forma que se transporta, e o animal não deveria ficar tanto tempo fora da água. Um tubarão fora da água vai a óbito muito rápido – alertou.
Soto chama atenção para a falta de cuidado que os tubarões despertam – inclusive os que estão ameaçados.
– Se é um golfinho, as pessoas se mobilizam (para salvar). Estamos falando de um filhote de tubarão, inofensivo, e de uma espécie ameaçada. (Os guarda-vidas) acham que estão fazendo a segurança dos banhistas, mas não é essa a conduta. Estamos tendo uma perda absurda de biodiversidade por esse tipo de atitude – criticou.
O tubarão-martelo costumava ser abundante nas praias de Santa Catarina, mas a espécie tem experimentado um forte declínio ao longo dos anos – o que fez com que fosse incluída na “lista vermelha” dos ameaçados.
Não é comum que animais dessa espécie apareçam na orla. Em 2021, um grupo de tubarões-martelo chamou atenção ao ser avistado nas obras de alargamento da Praia Central de Balneário Camboriú.
Santa Catarina não tem registro do que os especialistas chamam de “ataque deliberado” de tubarões. As raras ocorrências em toda a região Sul do Brasil são consideradas acidentes. Nos últimos 10 anos, foram apenas dois casos em SC – um “esbarrão” na Praia do Estaleiro, em Balneário Camboriú, que resultou em ferimentos na cabeça de um banhista, em 2016, e uma mordida no pé de um surfista em Navegantes, em 2021, de um tubarão que teria tentado “sondar” do que se tratava. Nenhum dos casos foi grave.
Créditos: NSC.