Um primeiro lote de documentos judiciais relacionados ao falecido bilionário Jeffrey Epstein, acusado de abuso sexual e tráfico de crianças, que até agora era confidencial, foi divulgado pela Justiça dos Estados Unidos na noite de quarta-feira (4).
Os documentos fazem parte de um processo por difamação de 2015 movido por Virginia Giuffre, uma das principais denunciantes de Epstein, contra a ex-amante e parceira de negócios de Epstein, a herdeira britânica Ghislaine Maxwell, e atraíram a atenção pública na expectativa de que envolvam personalidades ligadas ao bilionário.
No entanto, espera-se que muitos dos nomes já sejam conhecidos, tendo sido identificados durante o julgamento de Maxwell em 2021 — no qual ela foi condenada a 20 anos de prisão por ajudar o financista a abusar sexualmente de crianças.
A juíza Loretta Preska, do tribunal federal para o Distrito Sul de Nova York, ordenou que os documentos anteriormente sigilosos, que incluem as identidades de cerca de 150 pessoas, fossem tornados públicos a partir de 1º de janeiro.
O fato de ser citado nos documentos não implica em nenhum tipo de culpa, pois há desde e-mails até declarações de vítimas e testemunhas. A identidade daqueles que eram menores de idade ou que não fizeram declarações públicas permanecerá oculta.
O prazo foi estabelecido para que qualquer pessoa que se opusesse à divulgação de seus nomes tivesse tempo de se opor, e pelo menos duas pessoas se opuseram e têm até 22 de janeiro para explicar seus motivos.
O primeiro lote de documentos, divulgado nesta quarta-feira, tem cerca de 1.000 páginas no total.
Sabe-se que a lista final incluirá o nome do príncipe Andrew, a quem Giuffre processou por abuso sexual e com quem chegou a um acordo extrajudicial, e também do ex-presidente Bill Clinton (1993-2001), identificado no relatório pela rede de televisão ABC News como “John Doe 36”, Zé Ninguém, em português, e a quem Giuffre tentou, sem sucesso, que fosse intimado a depor.
Clinton, que não foi acusado, está nas listas de passageiros dos voos de Epstein para diferentes países, mas sua possível presença em uma das ilhas do financista onde teriam ocorrido abusos não está clara – Giuffre garante que sim, mas ele nega.
Epstein cometeu suicídio em 2019 em uma prisão federal em Nova York, onde aguardava julgamento por supostamente ter montado uma rede de tráfico sexual de menores de idade a partir de suas mansões nos estados de Nova York e Flórida. As meninas mais jovens tinham 14 anos, de acordo com a acusação.
R7