O empresário Raphael Torres, de 41 anos, também estava no helicóptero que desapareceu na tarde do último domingo (31). Ele foi o responsável por convidar Luciana Rodzewics, sua amiga há quase 20 anos, e a filha Letícia Ayumi para fazer um passeio em Ilhabela, uma das cidades mais visitadas do litoral de São Paulo.
Raphael é empresário do ramo de medicamentos. Devido à atividade profissional, precisava voar com frequência. Segundo sua família, o empresário já conhecia o piloto Cassino Tete Teodoro. No entanto, ele não contou detalhes sobre o relacionamento de amizade dos dois e nem sobre a contratação do voo até a cidade do litoral.
Pai de dois meninos, um de 17 e outro de 6 anos, que moram com ele, Raphael convidou a amiga Luciana e a filha dela, Letícia, para passar o Réveillon em Ilha Bela. As duas deixaram de comemorar a virada de ano com a família para ir ao passeio aéreo, que não demoraria muito.
“A intenção não era ficar lá por muito tempo. Acredito que o plano era passar o Ano Novo em Ilha Bela apenas”, disse à CNN a irmã de Raphael, Herika Torres, que esteve com o irmão pela última perto do Natal.
Raphael conhece Luciana há quase vinte anos. Segundo a família dela, os dois ficaram amigos em um bar e mantiveram contato ao longo do tempo.
Os três passageiros embarcaram no helicóptero Robinson modelo R44, fabricado em 2001, no Campo de Marte, na zona norte da capital paulista, por volta de 13 horas de domingo (31), com destino ao litoral norte. A aeronave, no entanto, não tinha autorização para fazer táxi-aéreo.
Já o piloto, responsável pelo helicóptero, tem uma investigação por voos irregulares e chegou a ter a licença para voar cassada, por dois anos, entre outros motivos, por evasão de fiscalização, fraudes em planos de voos e práticas envolvendo transporte aéreo clandestino.
Em outubro de 2023, após o prazo máximo legal para a penalidade administrativa de cassação, Cassiano obteve nova licença com habilitação para Piloto Privado de Helicóptero (PPH) e retornou ao sistema de aviação civil. Segundo a Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), no entanto, essa licença não dá autorização para realização de voos comerciais de passageiros.
Problemas no voo
Ainda na ida ao litoral, o piloto contactou o heliponto ao qual se dirigia, relatando dificuldades para cruzar a serra. A última ligação foi por volta das 15 horas.
O helicóptero chegou a fazer um pouso de emergência antes de seguir o trajeto e perder o contato de vez com o heliponto de destino. Letícia enviou ao namorado mensagens e fotos que indicam que o grupo desceu em uma área de mata, devido ao mau tempo.
Em mensagens ao namorado, Letícia relatou que passou por momentos de medo e tensão. Os celulares dela e da mãe continuavam emitindo localização por algum tempo após a nova decolagem. O último registro, no entanto, foi na noite desta segunda-feira (1).
As duas famílias acompanham as buscas às vítimas, que já duram três dias, e mantém a esperança de que os passageiros sejam encontradas com vida.
“Sinto assim que elas estão numa mata, tentando sobreviver. Mas a Letícia e a Luciana são muito fortes, são guerreiras e elas vão passar por isso. Estão só esperando ajuda: alguém decolar e pegar elas para a gente comemorar o Ano Novo”, disse Silva Santos, irmã de Luciana e tia de Letícia.
“Nosso Deus é um Deus do impossível. Não cai uma folha sem a permissão dele. Aconteça melhor”, disse Herika.
CNN Brasil