O SBT Brasil teve acesso, com exclusividade, ao depoimento de um dos investigados no caso da morte do youtuber Henrique Medeiros, de 26 anos, cujo corpo foi encontrado enterrado, em uma cova rasa, no quintal de uma casa em Itapecerica da Serra, na Grande São Paulo.
Caroline Santos Melo, de 24 anos, está presa temporariamente desde o dia 30 de dezembro. À polícia, a jovem revelou detalhes sobre os acontecimentos da noite do dia 24, que teriam resultado na morte de Henrique.
“O Henrique foi lá para casa, junto com o meu marido. Já estavam bebendo, eu estava fazendo a ceia de Natal com minha irmã, que já tinha chegado umas 4 horas da tarde”, disse Caroline.
A casa onde o corpo do influenciador digital foi enterrado é de Caroline e do marido dela, Renan José Pinheiros. Henrique e Renan eram amigos de infância. O youtuber foi passar a noite de Natal com o casal de amigos.
“O Henrique foi buscar lança perfume, de moto, com um rapaz da rua. Voltou, passou um tempo, eles ficaram lá. Depois de um tempo, o Henrique pediu para o Wellington buscar a cocaína, e buscaram. Buscaram a cocaína, entrou na mão do Henrique e do meu marido, e ficaram lá”, esclareceu a jovem.
Apesar de ter usado cocaína, o vício maior de Henrique era o lança perfume, segundo Caroline. Ele era dono de um canal no youtube, com mais de 1,7 milhão de seguidores. “Ele baforou, o Henrique. O problema dele era o uso do lança. Ele estava viciado, o lança ele usava todos os dias, ele deixou de cheirar a cocaína, deixou a cocaína de lado para cheirar mais o lança. [Ele usou mais lança perfume do que cocaína?] Sim. Ele usou uns 14 vidrinhos naquela noite”, lembrou a investigada.
Depois da meia-noite, Henrique pediu uma toalha emprestada para tomar banho e foi com a irmã de Caroline para o banheiro. A menina de 16 anos e os dois tiveram relações sexuais.
“Aí depois disso, demos a toalha para ele. Eles entraram no banheiro. Demorou, demorou, passou um tempinho, mais de 30 minutos lá dentro do banheiro. Aí depois, do nada, escutamos um baque, ‘puf’ no chão. Eu falei: ‘Renan! O Henrique caiu, eu tenho certeza disso!'”, ela alegou.
Caroline continuou: “Tiramos ele do banheiro, ele não tinha reação nenhuma. Levamos ele para sala. Minha irmã louca da vida, fez massagem cardíaca, respiração boca a boca, tudo… mas, nada adiantava. Mas, a minha irmã não saia de cima… e meu marido também não. Naquela loucura, preocupação e desespero, foi passando, e quando a gente foi ver já era umas 03h30 da manhã. Ele olhou para minha cara: ‘agora já não adianta mais chamar nada. Se a gente chamar, vai dar BO’. Eu falei ‘mas, por quê?’. Ele [falou]: ‘porque vai dar BO, na hora que o cara caiu já era para ter chamado, não depois de horas. O que a gente vai falar para a polícia depois de horas para chamar o resgate?'”.
A jovem disse à Polícia Civil que Renan vestiu Henrique e levou o corpo para uma outra casa, uma espécie de lavanderia, que fica no mesmo terreno. A cova do youtuber foi aberta bem ao lado de uma janela.
“Aqui estava a janela da casa, de baixo, e aqui está a cova aonde está a terra. Então, ele entrou para dentro da casa e jogou o corpo pela janela, já dentro do buraco. Foi o que ele me disse”, acrescentou.
Caroline contou ainda que ficou com medo do marido, com que está casada há 10 anos e tem 3 filhos. Ela está grávida do quarto. “Na minha mente, se ele foi capaz de enterrar um corpo, então, o que você acha que ele é capaz mais? Eu fico com medo, sou cismada. [Ele nunca fez nada? Nunca bateu?] Já, já me agrediu, normal… normal não é, mas já me agrediu várias vezes. Já sai de casa por causa disso”, ela relatou.
Nesta 3ª feira (02.jan), a Polícia Civil pediu urgência para que os laudos sejam finalizados pelo Instituto Médico Legal, nos próximos dias. “O laudo, principalmente, o toxicológico, é complicado. Ele demora de um mês a dois meses, porém, dada a repercussão do caso, o clamor do público, e até a proteção dos custodiados comigo, caso seja mesmo uma overdose, vão adiantar lá, porque me foi prometido, o toxicológico vai cair para uma semana, uma semana e meia, e o necroscópico já está sendo elaborado”, informou o delegado responsável pelo caso, Luis Roberto Faria Hellmeister.
A adolescente que estava com o youtuber no banheiro, na hora da morte, foi ouvida durante toda a tarde. Segundo policiais, a história contada pelos três coincide.
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