Cerca de 24 milhões de moradores do Reino Unido poderão se deparar, nos próximos meses, com um aumento de até 80% na conta de energia elétrica dos domicílios ingleses. Nesta sexta-feira (26), o Gabinete de Mercados de Gás e Eletricidade (Ofgem, em inglês), que regula o setor, quase dobrou o preço limite da energia, aumentando o valor máximo que pode ser cobrado por quilowatt-hora (kWh). Com a medida, o preço vai passar das atuais £ 1.971 para £ 3.549 a partir do primeiro dia de outubro.
O novo reajuste permanece em vigor até o final deste ano, no dia 31 de dezembro, mas não há garantias de que o preço possa ser reduzido após o período. A previsão, ao contrário, é que o custo fique ainda maior em 2023: “Embora o Ofgem não esteja dando projeções de teto de preço para janeiro porque o mercado continua muito volátil, o mercado de gás no inverno significa que os preços podem piorar significativamente até 2023”, destacou o órgão.
O Ofgem afirma que o ajuste é resultante do aumento contínuo nos preços “globais do gás no atacado, que começaram a subir à medida que o mundo se desbloqueou da pandemia de Covid-19, e foram levados a níveis ainda mais altos e até recordes pela Rússia, ao desligar lentamente o fornecimento de gás para a Europa” – justifica o Gabinete.
O que é o limite de preço para energia elétrica
O processo de definição do valor limite é regulado por lei no Reino Unido. Aumentar o preço máximo da energia elétrica significa estabelecer um novo limite de custo por consumo de quilowatt-hora (kWh). Nesse preço, estão incluídos os valores de compra da energia por parte das operadoras do setor, além de uma “estrita e modesta” taxa de lucro, conforme descrito pelo Ofgem.
No atual cenário, em que as operadoras estão negociando a aquisição de energia a custos elevados, a conta para os domicílios também fica mais cara: “Em última análise, o teto de preço não pode ser estabelecido abaixo do custo real de compra e fornecimento de energia para nossas casas e, portanto, os custos crescentes de energia se refletem nele” – explica o regulador.
Auxílio para pagamento da conta de energia
A partir deste mês de outubro, o governo britânico também dará um auxílio de £ 400 aos residentes do Reino Unido para minimizar o impacto do custo de energia no bolso das famílias. O pagamento será dividido em seis parcelas, que vão até o mês de março do próximo ano.
O valor será reduzido diretamente na conta de energia elétrica de todos os residentes. Portanto, não é necessário se inscrever em nenhum programa governamental para receber o benefício.
Energia elétrica como vilã da inflação
Nos 12 meses que antecederam julho deste ano, os consumidores do território britânico se depararam com uma inflação acumulada de 8,8%. O Gabinete Nacional de Estatísticas do Reino Unido (ONS, sigla em inglês) atribui o aumento no custo de vida, principalmente, às altas nos preços da energia elétrica, dos combustíveis e do transporte. A inflação acumulada atual é a maior dos últimos 32 anos, sendo superada apenas pela de janeiro de 1990, quando o índice foi de 9,2%.
Créditos: Agora Europa.