Esconder o radar do piloto automático adaptativo (ACC) por trás do logotipo frontal é uma solução interessante dos Volkswagen. Evita que o dispositivo responsável por identificar a distância dos carros à frente e a iminência de uma colisão fiquem expostos. Mas o recurso de design não está evitando furtos no Brasil.
Roubo do emblema é comum em carros da Mercedes-Benz. Na verdade, há alguns casos recorrentes entre os carros de luxo, como o furto dos faróis de neblina do Range Rover e dos faróis do Porsche Cayenne.
A Audi tomou uma atitude em meio às centenas de casos de furto da grade inferior dianteira dos A3, A4 e Q3: passou a dar a peça aos proprietários furtados. Isso acabou com o comércio paralelo das peças roubadas.
No caso da Volkswagen, o Nivus é a principal vítima por ter ACC de série em todas as versões desde o seu lançamento, em meados de 2020. Mas o sistema de piloto automático adaptativo também está presente, como opcional, em versões do T-Cross e em todas as versões automáticas do novo Virtus, lançado no início de 2023.
Todos eles são vulneráveis aos ladrões: basta desencaixar o logotipo para ter acesso ao radar, que é o componente mais caro do ACC.
O prejuízo das vítimas é grande: para o piloto automático adaptativo voltar a funcionar, o custo com peças e serviços beira os R$ 12.000.
No Reclame Aqui, um proprietário do Volkswagen Nivus morador de Santo André (SP) relata que só o emblema do carro custa cerca de R$ 1.600, enquanto o radar custa cerca de R$ 9.000. Ainda é necessário desembolsar R$ 700 pelo serviço de eletricista e mais R$ 250 pela calibração do radar.
No mesmo site há diversas reclamações de proprietários dos Volkswagen com ACC, especialmente proprietários do Nivus moradores do Estado de São Paulo. Inclusive de proprietários que temem se tornar vítimas, caso do Humberto de Franco da Rocha (SP), dono de um Virtus 2023.
Para todos os casos, a resposta padrão da Volkswagen é negar que seja um caso de defeito em seus carros, mas sim uma questão de segurança pública, como a resposta a seguir:
“Agradecemos sua sinalização.
Lamentamos a situação que você passou, porém ressaltamos que situações de furto são uma questão de segurança pública, e deve ser tratado com a devida prioridade pelas autoridades competentes.
Ressaltamos que não se trata falha de produto, mas sim de agente externo, dessa forma não será possível atendimento nos moldes pleiteados.
Permanecemos à disposição.
Atenciosamente,Volkswagen do Brasil”
Gambiarra é divulgada nas redes sociais
Para os proprietários que temem (com razão) o prejuízo de quase R$ 12.000, uma solução que viralizou nas redes sociais é aplicar uma cola de poliuretano no radar e também por trás do logotipo, em suas bordas. Esse é o mesmo adesivo usado na fixação dos vidros do carro e impediria que o logotipo fosse retirado. Ou seja, deixaria o radar do ACC menos vulnerável.
Outra opção também sugerida nas redes sociais é uso de presilhas plásticas prendendo, por trás, tanto o radar quanto o logotipo.
Hoje, porém, a Volkswagen divulgou um boletim onde diz que não recomenda ações como o uso de cola e até mesmo de cintas para fixar melhor o logotipo dos seus carros.
“Esses procedimentos não são recomendados pois, (sic) não foram testados, podem obstruir o sistema ACC e causar um funcionamento inadequado como frenagens inesperadas e consequente risco de acidentes”, diz o comunicado divulgado hoje pela equipe de suporte de produto da Volkswagen. “Comunicaremos na medida em que tenhamos novidades técnicas e comerciais sobre esse tema”, completa.
Conforme o boletim, a Volkswagen tem ciência de que seus carros vêm tendo problemas com roubo de logotipos e do radar do ACC. Agora resta esperar uma solução definitiva para o tema.
Como funciona o ACC
Batizado pela VW de Adaptive Cruise Control, o piloto automático adaptativo é uma evolução do ‘cruise control’ já consagrado, que simplesmente mantém a velocidade definida pelo motorista e é desligado ao pisar no freio ou acelerador.
No caso do Nivus, o motorista também pode definir a distância que deverá ser mantida do carro da frente quando com o sistema acionado. Assim, caso haja um veículo mais lento, o SUV diminui sua velocidade e retoma quando a faixa de rolagem estiver livre.
Contudo, deixa de funcionar abaixo dos 20 km/h, quando emite um alerta obrigando o motorista a assumir o controle. Se não o fizer, porém, a frenagem autônoma de emergência será capaz de parar o carro para evitar uma colisão. Outros modelos, como o Taos, é capaz de acompanhar o carro à frente até a parada completa e ainda pode retomar a velocidade.
Para a função ACC funcionar, depende do sensor radar, que é o dispositivo capaz de medir com precisão a distância para o carro da frente. Esse sinal pode ser cruzado com imagens de uma câmera instalada na parte superior do para-brisa.
Fonte: Quatro Rodas.