Quinhentas mulheres tiveram acesso ao estádio Azadi de Teerã para assistir a uma partida de futebol após pressão da Fifa
Centenas de mulheres iranianas assistiram a uma partida profissional de futebol local em Teerã pela primeira vez em mais de 40 anos, após a proibição de mulheres frequentarem estádios esportivos.
Quinhentas mulheres tiveram acesso ao estádio Azadi de Teerã para assistir a uma partida do campeonato entre o Esteghlal FC, de Teerã, e o time visitante Sanat Mes Kerman FC, da cidade de Kerman, disse a agência de notícias estatal semi-oficial Fars na quinta-feira (25).
As mulheres foram separadas dos homens no estádio e entraram por um local especial por meio de um estacionamento, de acordo com o site da Federação Iraniana de Futebol.
A proibição do Irã de mulheres frequentarem estádios esportivos não está escrita em lei, mas foi implementada logo após a Revolução Islâmica de 1979.
Embora na quinta-feira tenha sido a primeira vez em mais de 40 anos que as torcedoras iranianas foram autorizadas a assistir a um jogo local, as mulheres puderam assistir a um pequeno número de partidas nacionais.
Este ano, as iranianas puderam compartilhar um momento marcante quando o Irã garantiu a qualificação para a Copa do Mundo de novembro no Catar.
Três anos antes disso, milhares de mulheres foram autorizadas a participar de um jogo das Eliminatórias da Copa do Mundo entre Irã e Camboja em 2019, após pressão de grupos de direitos humanos e da Fifa.
Naquele ano, a Fifa estava sob crescente pressão para forçar o Irã a revogar sua proibição de entrada de mulheres em estádios esportivos, em particular após a morte de Sahar Khodayari, uma torcedora que se incendiou depois que lhe foi negado o acesso a um estádio de futebol em Teerã.
Apelidada de “Garota Azul” nas redes sociais por causa das cores de seu time de futebol iraniano favorito, Esteghlal, Khodayari foi acusada de “cometer abertamente um ato pecaminoso” por “aparecer em público sem hijab” quando tentou entrar em um estádio “vestida como homem” em março de 2019, de acordo com o grupo de direitos humanos Anistia Internacional.
Na quinta-feira, as mulheres foram ouvidas cantando “Blue Girl” – uma homenagem a Khodayari anos após sua morte.