A jornalista Yekaterina Duntsova foi impedida de concorrer às eleições presidenciais na Rússia contra Vladimir Putin, em março de 2024, por causa de “erros” em seu pedido de registro como candidata, diz a Reuters.
O anúncio foi conhecido apenas três dias depois de Duntsova, de 40 anos, ter solicitado o seu registro como candidata. Ela defende o fim da guerra na Ucrânia e a libertação de presos políticos, como o ex-advogado Alexei Navalny.
Duntsova evita descrever o conflito na Ucrânia como guerra. A lei russa pune quem “desacreditar o Exército”, o que poderia render pena de prisão.
Em entrevista à à Deutsche Welle, ela criticou as prisões arbitrárias no país:
“Hoje a situação na Rússia é assim: qualquer um que queira representar os cidadãos com visões democráticas nas próximas eleições ou está na prisão, ou tem seus direitos restritos e é processado na Justiça, ou é forçado ao exílio”, afirmou.
Ela também defendeu uma candidatura feminina:
“Por que não uma mulher como presidente, como símbolo de moderação, gentileza e sensibilidade?”, questionou.
Em novembro, Putin anunciou que concorrerá à presidência da Rússia. O anúncio é meramente protocolar e não surpreende a absolutamente ninguém, já que o autocrata está no poder desde 1999 e deve levar o sexto mandato para casa.
O ditador russo venceu quatro eleições presidenciais e viu a oposição se tornar praticamente inexistente.
Esse cenário antidemocrático é amplificado por uma série de medidas que fortalecem ainda mais a posição de Putin. Uma controversa reforma constitucional em 2020 permite que ele permaneça no poder até pelo menos 2036.
Além disso, as eleições anteriores foram marcadas por irregularidades, com alertas de grupos de defesa dos direitos humanos sobre a provável proibição de observadores independentes no monitoramento da votação. Putin também endureceu as regras para a cobertura da mídia nas eleições de 2024.
Créditos: O Antagonista.