O ministro Luís Roberto Barroso, presidente do Supremo Tribunal Federal, negou um pedido do Tribunal de Contas da União que solicitava, em caráter de urgência, a revogação do pagamento de quase 1 bilhão de reais em penduricalhos a juízes federais. A Advocacia-Geral da União (AGU) recorreu à Corte em nome do TCU.
Segundo o sistema do STF, o pedido da AGU chegou às 18h de sexta-feira, 22. A decisão de Barroso foi encaminhada apenas duas horas depois, por volta das 20h.
O presidente do STF afirmou que o caso não se enquadra nas decisões urgentes previstas pelo Regimento.
A AGU recorreu da decisão do ministro Dias Toffoli. Para o ministro, o TCU não pode se sobrepor a uma competência atribuída ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que liberou o penduricalho em novembro de 2022.
“O caráter nacional do Poder Judiciário o diferencia dos demais poderes constituídos e, nos termos da jurisprudência dessa Suprema Corte, tem norteado o delineamento constitucional do Poder Judiciário frente a outros influxos constitucionais, como o federalismo, a fixação de limite remuneratório para a magistratura e até mesmo a instituição de órgão nacional de controle da magistratura”, afirmou Toffoli em sua decisão.
Entenda o caso:
Em abril, o ministro Jorge Oliveira, do Tribunal de Contas da União, vetou o pagamento retroativo do Adicional por Tempo de Serviço (ATS) que havia sido reintroduzido ao salário de magistrados pelo CNJ. O benefício permitiria que os juízes que ingressaram na carreira na década de 1990 embolsassem até 2 milhões de reais.
“Pondero que as circunstâncias do caso justificam a atuação incisiva do Tribunal no sentido de fazer cessar os pagamentos inquinados, não podendo esta Corte furtar-se a exercer sua competência e seu controle de legalidade, como guardião e garantidor do bom emprego dos dinheiros públicos, bem como, se for o caso, de buscar a devida reparação aos cofres federais dos prejuízos concretizados, no momento processual adequado”, argumentou Jorge Oliveira em sua decisão.
Créditos: O Antagonista.