A jornalista Malu Gaspar, do jornal O Globo, veiculou nesta quinta-feira (21) uma reportagem em sua coluna, afirmando que o Supremo Tribunal (STF) está formando uma nova coalização com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e, agora, ocupando o lugar que antes estava destinado ao Centrão.
Gaspar diz que a celebração mais simbólica do primeiro ano do governo Lula III ocorreu discretamente durante o jantar com os ministros do Supremo, na última terça-feira (19). Ela ressalta que a articulação estratégica entre Lula e o Supremo, especialmente com a ala conhecida como ‘Centrão do STF’, foi fundamental.
Gaspar destaca que, ao abastecer parlamentares com cotas generosas de emendas, o tribunal viu a oportunidade de ampliar seu raio de atuação. Lula, por sua vez, aplicou sua ‘arte da negociação’, diz ela, para contar com o apoio do Supremo em momentos cruciais, nomeando aliados para posições-chave.
A jornalista aponta que soluções para desafios do governo, como a restrição da presença de políticos em estatais, saíram do Supremo. Ela destaca também a atuação de Ricardo Lewandowski, que derrubou a lei dias antes de se aposentar, argumentando que feria o direito fundamental do governo.
Gaspar cita o papel de Kassio Nunes Marques, membro ativo do chamado Centrão do STF, ao pedir vista do processo que ameaçava a liminar de Lewandowski. Ela ressalta o indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) é o novo aliado de Lula, após prestar um favor valioso ao governo e, como resposta, teria recebido seu prêmio com a nomeação de um apadrinhado para o Tribunal Regional Federal de Brasília.
A jornalista pontua a recente ação de Nunes Marques, encaminhando para câmara de conciliação a ação que pede a anulação da parte da lei de privatização da Eletrobras que limitou o direito de voto do governo, o que foi comemorado no Planalto.
Gaspar observa que, em qualquer outro momento da História, esse tipo de acordo seria visto como impróprio, mas no Brasil pós-Bolsonaro, alguns magistrados e parte da opinião pública consideram-no natural, uma compensação que sido justificado pela alegação de suposto salvamento da democracia promovida em favor do país no pleito de 2022.
Malu Gaspar conclui alertando para o perigo desse arranjo, evidenciado no episódio em que o Supremo ganhou força desproporcional sobre os outros Poderes, constrangendo e intimidando Congresso e Executivo. A jornalista questiona se esse seria um ‘novo pacto de governabilidade’ e atenta para os potenciais danos à democracia.
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