A Delegacia de Investigação de Homicídios de Goiás (DIH) descartou a hipótese de responsabilidade da Perdomo Doceria nas mortes do policial civil Leonardo Pereira Alves, de 58 anos, e de sua mãe, Luzia Tereza Alves, de 86, nesta segunda-feira (18), em Goiânia. A informação foi confirmada pelo Extra. Mãe e filho passaram mal após uma refeição, foram internados às pressas e acabaram morrendo em seguida. A Polícia Civil apura o caso, sob sigilo, como um possível duplo homicídio.
Leonardo Pereira Alves trabalhava na Polícia Civil como assistente de gestão administrativa e era lotado na Delegacia de Repressão a Furtos e Roubos de Veículos Automotores de Goiás, a DERFRVA. Deixa dois filhos. Ainda não há informação sobre suspeitos pelo crime. Em contato com a reportagem, o delegado Carlos Afama, à frente das investigações, disse que a delegacia só deve se pronunciar oficialmente nesta quarta-feira.
O caso veio à tona após uma publicação feita pela filha de Leonardo, a médica Maria Paula Pereira Alves, de 26 anos. Era uma homenagem emocionada ao pai, escrita ainda na madrugada após sua morte, mas que chamou atenção também por revelar que, antes de morrer, ele havia comido doces da famosa lanchonete goiana. Ela dizia que o pai “acordou, comeu um alimento comprado em um estabelecimento famoso e com credibilidade, mas acabou passando mal.”
Acrescentou ainda que ele apresentou sintomas como vômito, diarreia e dores abdominais. “Vomitou sem parar, por horas, buscou atendimento médico e, quando eu soube da situação, já havia ocorrido uma série de complicações que acabaram levando a óbito. Entre o primeiro sintoma até seu último suspiro não teve nem 12 horas”.
‘Não apontei o dedo’, diz filha
Nesta terça-feira, após o enterro do pai, Maria Paula voltou a se manifestar. Desta vez, em forma de desabafo. Ela disse que não tinha a intenção de levantar suspeitas contra a doceria quando fez a publicação e criticou a postura de pessoas que foram ao seu perfil fazer comentários negativos.
“A minha introdução apenas foi um aviso do que tinha acontecido, foram fatos, apenas fatos, antes de declarar minha dor, meu amor, minha saudade. Quando falo que ele ‘comeu comida de um lugar famoso e bem credificado e passou mal’ é um fato, em que não estou acusando/culpando ninguém e sim falando ‘CARAMBA! POR QUE RAIOS ACONTECEU ISSO?’, ‘A VIDA É EFEMERA!’. Não apontei o dedo. Nem mesmo coloquei nome, causa, etc. Não tenho ideia, ainda, do que houve“, disse a jovem.
Leonardo Alves ao lado da filha, Maria Paula, em homenagem publicada por ela nas redes — Foto: Reprodução
Ela disse ainda que foi à loja, no intuito de impedir que outras pessoas acabassem intoxicadas, se fosse este o caso, e acabou bem recebida pela dona da doceria, Mariana Perdomo de Barros, de 30 anos.
“Logo no inicinho de tudo, eu fui atrás do contato da proprietária da loja, contei o ocorrido e repeti um milhão de vezes a ela que queria apenas ajudar a prevenir que mais alguém passasse por isso, para retirar todos os produtos daquele lote, para alertar, para ajudar o máximo de pessoas possíveis, e que não estava apontando, culpando, processando ou algo do tipo. Ela inclusive esteve o tempo todo prestativa comigo para tudo que eu precisasse“, acrescentou.
O Extra entrou em contato com Maria Paula, que, abalada, preferiu não falar mais sobre o assunto.
‘Nenhuma irregularidade’, diz Procon após fiscalização
O Procon de Goiás foi acionado e agentes foram ao local, ainda na segunda-feira. Segundo o órgão, os profissionais “verificaram informações contidas nas embalagens, datas de fabricação e validade, acomodação e refrigeração dos doces e, nesta ocasião, não foi constatada nenhuma irregularidade nos produtos fiscalizados”.
A Perdomo Doces é um estabelecimento conceituado de Goiânia. Nas redes sociais, acumula mais de 760 mil seguidores, com vários famosos entre eles. A doceria foi criada por Mariana Perdomo, de 30 anos. A empresária à frente da marca tem mais de 120 mil seguidores no seu perfil pessoal.
Em nota enviada ao Extra, a Perdomo Doces informou que “o lote de produtos averiguado pelas autoridades já foi recolhido de todas as lojas e que o acesso irrestrito a todas as suas unidades foi disponibilizado aos órgãos fiscalizadores, para inspeções nesta segunda-feira”, e reforçou a informação de que o Procon emitiu um comunicado atestando que não foram constatadas irregularidades.
A empresa prossegue, afirmando que “ao longo de seus oito anos de existência, a Perdomo Doces sempre primou pela adoção de rígidos critérios de segurança alimentar” e que, “somente neste ano, 346 mil unidades dos produtos da mesma categoria averiguada foram comercializadas e nenhuma ocorrência similar foi registrada”.
“Ciente de sua responsabilidade, no sentido de agir de forma ética e transparente com seus clientes, parceiros e equipe composta por mais de 200 colaboradores, a empresa se solidariza com a família enlutada e reforça que vem colaborando com as investigações, de forma que haja elucidação mais breve possível dos fatos. A Perdomo Doces reitera, ainda, que dispõe de todos os elementos para comprovar junto aos órgãos de fiscalização a adoção dos protocolos sanitários e de segurança alimentar exigidos por lei, e que a tornaram referência de qualidade e excelência em seu segmento”.
Extra/Globo