Uma declaração feita pela primeira-dama Rosângela Lula da Silva, a Janja, neste sábado (9), de que, “se tudo der certo”, Jair Bolsonaro (PL) será preso em breve, desencadeou uma série de reações nas redes sociais de apoiadores do ex-presidente.
“Esse cara (Bolsonaro), o inominável, está inelegível e, se tudo der certo, logo ele vai estar ó (fazendo com dedos das mãos o símbolo de cadeia)”, disse ela.
A frase de Janja direcionada a militantes do PT durante a conferência eleitoral do partido, em Brasília, foi interpretada por opositores do governo Lula não apenas como um desejo pessoal, mas a revelação da expectativa diante da possibilidade da confirmação do ministro Flávio Dino (Justiça) na vaga aberta no Supremo Tribunal Federal (STF). Janja não mencionou nada sobre Dino.
Ele será sabatinado na manhã da próxima quarta-feira (13) na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado e poderá ser aprovado pelo conjunto de senadores na noite do mesmo dia. Se a sua indicação for confirmada no Senado, o ministro herdará 344 ações da ex-ministra Rosa Weber. Dentre essas está a petição da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia, solicitando investigações contra o ex-presidente.
Ao jornal Gazeta do Povo, o advogado criminalista Luiz Gustavo Bichara, especialista em direito constitucional, disse que a declaração de Janja pode ser interpretada como uma manifestação de opinião, mas que não tem valor jurídico.
“A primeira-dama é uma pessoa livre para expressar suas opiniões, mas isso não significa que elas serão acatadas pelo STF”, afirmou.
O analista político da FSB Comunicação, Lucas de Aragão, disse que a declaração de Janja pode ser interpretada como uma mensagem para os apoiadores de Lula, mas que também pode ser vista como uma provocação para Bolsonaro.
“É uma declaração que pode gerar desgaste para o governo Lula, já que pode ser interpretada como uma tentativa de intimidação”, afirmou.
A assessoria do Palácio do Planalto não se manifestou sobre a declaração de Janja.