Os cidadãos da Angola vão às urnas na quarta-feira (24) para a 5ª eleição geral. A 1º foi em 1992, ainda durante a guerra civil angolana. A expectativa é que as eleições de 2022 sejam as mais acirradas da história do país.
O MPLA (Movimento Popular de Libertação de Angola) governa o país há pouco mais de 4 décadas e enfrenta oposição do Unita (União Nacional para a Independência Total de Angola), que registra aumento de popularidade.
O pleito é realizado pouco mais de um mês depois da morte do ex-líder do governo, José Eduardo dos Santos. Ele ficou no poder por 38 anos.
Os 2 grupos lutaram juntos em guerrilha anticolonial no período que o país era dependente de Portugal. Depois da independência, MPLA e Unita se enfrentaram em um conflito armado que durou 27 anos, de 1975 a 2002.
O conflito tinha como objetivo decidir qual dos grupos ficaria poder no país. O MPLA saiu vitorioso. No entanto, a confronto resultou em mais de 500 mil mortes. Além disso, mais de 1 milhão de angolanos deixaram seu país.
O eleitorado da Angola é composto por 14,4 milhões de pessoas. Uma nova Assembleia Nacional, com 220 integrantes, será formada. Diferentemente do que é feito no Brasil, o presidente e vice-presidente do país não são escolhidos por voto direto. Assume o poder do país o líder do partido que tiver mais votos.
DESAFIOS DO GOVERNO
O MPLA tenta conquistar os eleitores mais jovens para continuar no poder. Esta é considerada a 1ª eleição em que os jovens que não viveram o período da guerra civil estarão aptos a votar –só podem votar angolanos acima de 18 anos. No entanto, o governo enfrenta insatisfação com a situação econômica e social do país.
A Angola é o 2º maior produtor de petróleo da África, mas também figura entre as nações mais desiguais do mundo. O IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) do país é de 0,581 -a 148ª posição entre os 189 territórios considerados pelo Pnud (Programa das Nações Unidas para Desenvolvimento), segundo dados de 2020.
Uma pesquisa realizada pelo Afrobarômetro, em maio de 2022, mostrou que a intenção de voto no Unita subiu 9 pontos percentuais desde 2019, ao passo que a intenção de votos no MPLA caiu 9 pontos percentuais no mesmo período. Esse movimento fez a vantagem do MPLA cair de 25 pontos percentuais para 7 pontos percentuais.
No entanto, quase metade (47%) dos eleitores não responderam, não escolheram um candidato, não votaria ou escolheria outro nome na disputa.
O levantamento entrevistou 1.200 Angolanos adultos, de 9 de fevereiro a 8 de março de 2022. A margem de erro é de aproximadamente 3 pontos percentuais para mais ou para menos e um nível de confiança de 95%. A pesquisa anterior em Angola foi realizada em 2019.
A última pesquisa de intenção de voto no país disponível é de maio. O governo angolano proibiu, em 18 de maio, a realização de pesquisas eleitorais.
Créditos: Poder 360.