Uma daspiadas mais patéticas do governo Lula é o conto de que suas viagens de paxá aoexterior (já está, neste momento, na décima-quinta, em onze meses de Presidência)trazem “investimentos estrangeiros para o Brasil”. É, como de costume, mais umamentira caricata. A cada viagem de sua volta ao mundo com a mulher, as milíciasjornalísticas que servem ao governo vêm com fábulas dando conta de que tantos emais tantos “bilhões” de dólares foram “atraídos” para o Brasil. No mundo dasrealidades, até agora, ninguém viu um tostão desses investimentos fabulosos.
É também um perfeito despropósito. O Brasil é hoje um dos países mais hostis ao capital estrangeiro sobre a face da Terra – e inimigo, acima de tudo, de qualquer ideia de privatização na economia. Por que raios alguém iria querer investir aqui? A farsa está de novo em exibição. Lula anda pelas Arábias e Dubais, onde se investe muito em petróleo – e a única dedução possível, segundo os seus serviços oficiais de propaganda, é que saiam disso sabe-se lá quantos quatrilhões de dólares a mais.
O pior é que a Petrobras está lançando, com o governo Lula-3, o seu segundo projeto de autodestruição dos últimos vinte anos.
Esse tipo de lorota ficou ainda mais cômico neste momento – quando a Petrobras acaba de anunciar que não vai cumprir o acordo de venda de uma refinaria no Ceará para a iniciativa privada, e promete enterrar qualquer tentativa de privatização dos ativos da empresa. Justamente a Petrobras, e na hora em que Lula imagina estar “negociando” com os reis do petróleo? Pois então. É assim que Lula quer “atrair investimento estrangeiro” – deixando claro que a petroleira estatal do Brasil não tem palavra, e não cumpre os acordos que assina com o capital privado.
A desculpa daPetrobras, no caso, só veio juntar o insulto à injúria. Disse que não vai honraro contrato com o comprador porque uma cláusula não foi cumprida. É verdade – sóque foi a própria Petrobras que não cumpriu a cláusula. É esse a imagem do Brasilque o governo Lula está levando para os investidores estrangeiros.
É muito ruim,mas não é tudo. O pior é que a Petrobras está lançando, com o governo Lula-3, oseu segundo projeto de autodestruição dos últimos vinte anos. No primeiro, no períodoLula-Dilma que foi de 2003 a 2016, quase conseguiram levar a empresa à falência– com prejuízos monumentais e inéditos, negócios horríveis e um surto de corrupçãoque entrou para a história da roubalheira universal.
Agora estão tentandoo suicídio com o seu plano estratégico para o futuro da Petrobras. Um dos seusaspectos mais destrutivos é a opção pelo refino. Ao invés de concentrar-se na exploraçãodo petróleo em águas profundas, área em que opera com mais competência, obtém maislucros e tem mais acesso ao capital estrangeiro, quer se “reinventar” com o monopóliodo refino. É, justamente, a sua área mais atrasada – a que tem tecnologia mais obsoleta,a capacidade de produção mais baixa e a maior dependência das decisões políticassobre o preço dos combustíveis.
A Petrobras tem hoje 98% do refino do petróleo – e com tudo isso não consegue suprir a necessidade interna no consumo de carburantes. Resultado: o Brasil tem de gastar bilhões de dólares com a importação de gasolina, óleo diesel e gás, embora esteja produzindo no momento 3,6 bilhões de barris de petróleo por dia, ou quatro vezes mais que a Venezuela. As refinarias da Petrobras simplesmente não conseguem produzir o necessário para atender o consumo nacional de combustíveis; também não dispõem de capacidade para investir na ampliação do refino.
Levando-se emconta que o seu grande negócio é a extração de petróleo em alto mar, a única soluçãoempresarial coerente seria passar as refinarias, gradativamente, para a iniciativaprivada, que quer e pode colocar dinheiro nisso. Mas não: a Petrobras de Lulaquer ficar com 100% do refino.
Não consegueatender a demanda do mercado, mas não admite que as empresas privadas tenhamnem sequer os seus miseráveis 2%; quer continuar importando combustível, emborao Brasil produza o suficiente para ser autônomo no abastecimento de petróleo. Porquê? As duas últimas experiências da Petrobras na área, ambas no regimeLula-Dilma, são uma tragédia.
Uma é a Refinaria Abreu e Lima, que deveria custar 2 bilhões de dólares, já engoliu mais de 20 bi e continua sem produzir o que deveria. A outra grande ideia foi a compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos – uma montanha de ferro velho que nunca conseguiu produzir um único litro de querosene, ou de qualquer coisa útil. Talvez esteja justamente aí, na multiplicação de negócios ruinosos, a verdadeira lógica da nova estratégia da Petrobras.
Créditos: Gazeta do Povo.