Renan Gomes está preso desde setembro do ano passado ao tentar fugir da polícia após denúncia de vítima. Mulheres relatam prejuízo de até R$ 500 mil com suposto relacionamento.
O homem que ficou conhecido como “Galã do Tinder” depois de realizar crimes contra mulheres na Grande São Paulo foi condenado, entre fevereiro e novembro deste ano, em três casos em que as penas somadas chegam a 21 anos e quatro meses de prisão. Os prejuízos contra as vítimas de estelionato sentimental chegam a R$ 500 mil.
Renan Augusto Gomes foi preso pela Polícia Civil em setembro de 2022, em São Paulo, depois de tentar fugir com um carro importado. A perseguição foi filmada, e o vídeo mostra o momento em que o carro dele bateu em três veículos antes de parar.
O homem foi detido pela Delegacia Especializada em Investigações Criminais (Deic) de São Bernardo do Campo, no ABC Paulista.
Após a prisão de Renan, várias mulheres procuraram a polícia e o Ministério Público e disseram ter sido vítimas. Segundo apurado pelo g1, as sentenças neste ano contra o acusado foram de 4 anos e 6 meses em um caso, 15 anos e seis meses no segundo e 2 anos e 4 meses no terceiro.
Vídeo mostra tentativa de fuga de golpista conhecido como ‘galã do Tinder’
Em fevereiro de 2023, por crime cometido em São Bernardo do Campo, Renan foi condenado pela prática de delito de estelionato sentimental em regime inicial fechado, a 4 anos e 6 meses de prisão. Ele recorreu da decisão, mas o recurso foi julgado improcedente, e a pena é definitiva.
O caso da condenação em fevereiro foi o golpe contra uma mulher que o réu conheceu no fim de 2020, por aplicativo de relacionamento.
Como “Augusto Keller”, ele se passou por engenheiro, e os dois começaram um relacionamento. Em janeiro de 2021, ele alegou que passava por problemas financeiros e propôs uma suposta sociedade com a vítima para o comércio de celulares.
Para o “investimento”, a mulher chegou a fazer empréstimos. Em maio daquele ano, Renan sumiu quando a vítima passou por uma cirurgia. Ele estava cadastrado como acompanhante no hospital, mas não apareceu.
No caso dela, um inquérito foi aberto, e ele foi condenado em maio de 2023 a 15 anos e 6 meses em regime inicial fechado. Este processo ainda está em grau de recurso, o que pode modificar a sentença.
Com a repercussão da prisão dele, a promotora Erika Pucci da Costa Leal e o delegado Ronald Quene ouviram mulheres que se apresentaram como vítimas. Em um dos casos a mulher lhe deu R$ 16 mil, parte da rescisão que recebeu após deixar um emprego. Com juros de bancos, os prejuízos chegam a R$ 500 mil.
“A hipótese das condenações se adequa ao que se convencionou chamar de estelionato sentimental, que se caracteriza pelo induzimento da vítima em erro, mediante o emprego de meio fraudulento consistente em promessa de relação afetiva ou com base em relação de confiança fundada em falso vínculo amoroso, para obtenção de bens ou valores em proveito próprio ou alheio. Estabelecida a relação de confiança, o réu apresenta às vítimas falsas situações que demandam delas o aporte de valores ou bens”, disse a promotora Erika Pucci.
Galã do Tinder preso — Foto: Reprodução
A última condenação foi na quarta-feira (29), pela 3ª Vara de Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher de São Paulo, que impôs, por crime de estelionato, a pena de 2 anos e 4 meses de reclusão em regime semiaberto, ficando ainda obrigado a pagar à vítima o valor de R$ 20 mil em indenização.
Como está preso preventivamente, o réu não poderá recorrer em liberdade. Na denúncia, o promotor Paulo Roberto Ferreira Fortes afirmou que o réu aplicou o crime com vínculo afetivo com a vítima que conheceu em um site de relacionamentos.
Depois, ele passou a pedir dinheiro para supostamente quitar dívidas. A vítima entregou a ele R$ 17 mil, divididos em três repasses de R$ 2 mil, R$ 4 mil e R$ 11 mil. Na sequência, o acusado desapareceu sem devolver os “empréstimos”. Ainda cabe recurso da decisão.
A defesa de Renan foi contatada pelo g1, mas não encaminhou posicionamento até a última atualização desta reportagem.
Outra mulher de São Paulo guardou por 10 anos alguns prints de ameaças. Ela o conheceu pela internet em 2011, quando os dois moravam em São José do Rio Preto, no interior de São Paulo.
Para se aproximar das vítimas e enganá-las, Renan dizia que era filho de alemães e tinha perdido os pais em um acidente no interior paulista, segundo a investigação da Polícia Civil e do MP.
Para tirar valores, ele pedia empréstimos bancários ou em dinheiro vivo para ajudá-lo a abrir ou manter uma suposta empresa, que nunca existiu.
Mensagens do suspeito para a vítima — Foto: Arquivo pessoal
Segundo a polícia, Renan tinha diversos perfis em plataformas de relacionamento, entre eles Tinder, Inner Circle, Happn, Lovoo, e se identificava como Augusto Keller.
Com o tempo de relacionamento, ele passava a pedir dinheiro emprestado alegando problemas com a Receita Federal ou com os bancos, e depois desaparecia, deixando as vítimas com dívidas.