A ex-governadora do RJ e ex-prefeita de Campos dos Goytacazes Rosinha Garotinho é alvo de uma ação da Polícia Federal, nesta terça-feira, contra uma suspeita de fraude na previdência municipal daquele município, no Norte Fluminense. A Operação Rebote apura movimentações suspeitas em fundos, investimentos de alto risco com baixo retorno, no fim de 2016. As informações são do g1 e da TV Globo.
A PF investiga um rombo de R$ 383 milhões na PreviCampos, instituto de previdência dos servidores do município norte-fluminense.
Agentes cumprem 18 mandados de busca e apreensão em Santos (SP) e São Paulo, e, no Rio, na capital fluminense e em Campos dos Goytacazes. Segundo a TV Globo, a casa de Rosinha, no bairro da Lapa, em Campos, foi um dos endereços alvo da operação. Ela vive no local com o marido, Anthony Garotinho, também ex-governador do Rio.
Por volta das 10h, o casal fez uma live no perfil de Anthony Garotinho no Instagram para falar sobre a operação. Eles contaram que os agentes chegaram à casa por volta das 6h. Nas buscas, levaram um laptop e alguns pendrives, no qual, segundo eles, não tinha material algum sobre os investimentos da PreviCampos, mas sim músicas, receitas e até mesmo estavam vazios.
Anthony Garotinho é quem começa falando na live, e atribui a ação à denúncia do ex-prefeito de Campos Rafael Diniz, em 2017. O ex-governador lê um trecho do documento sobre a acusação à esposa:
— O autor desta denúncia feita à Polícia Federal em 2017, é o ex-prefeito de Campos Rafael Diniz. E qual é a denúncia que ele fez? — diz Garotinho, que cita um trecho do documento: — “Rosângela Rosinha Garotinho, conforme elementos apurados, ela era prefeitura de Campos na época dos fatos e nesta qualidade foi responsável por indicar gestores e membros do comitê da PreviCampos, todos aparentemente sem qualquer conhecimento sobre investimento para os exercícios das funções”. Não existe crime de indicar incompetente. Isso é um absurdo. Onde nós vamos parar? — questionou.
Rosinha disse em seguida:
— Dizer que aparentemente as pessoas possam não ser qualificadas é um achismo, não é nem uma afirmação.
Alvo da operação nesta terça-feira, a ex-prefeita de Campos também disse:
— Não passa pelo prefeito a gestão, e aí me colocam aqui com achismo que eu indiquei alguém, aparentemente inadequado para o trabalho. Essa foi a minha acusação. É para fazer mais um escândalo.
Auditoria pelo TCE
Em fevereiro de 2021, o Tribunal de Contas do Estado (TCE) do Rio de Janeiro identificou, em Auditoria Governamental, irregularidades em aplicações financeiras realizadas pelo PreviCampos. Segundo o tribunal, de agosto a dezembro de 2016 foram investidos R$ 512 milhões em 11 fundos de investimentos “em total descompasso com a legislação previdenciária e com as resoluções do Conselho Monetário Nacional (CMN)”. Na época, foi calculado o dano ao erário de cerca de R$ 312,5 milhões.
De acordo com o relatório, a consultora do portfólio de investimentos da PreviCampos era a Crédito & Mercado Consultoria Empresarial, na qual cabia avaliar e credenciar os fundos em que os valores eram alocados. Os fundos indicados pela empresa tinham cotas de liquidez baixas ou nulas, o que contribuía “para a dilapidação do patrimônio dos servidores públicos de Campos dos Goytacazes”, segundo o TCE.
Extra/Globo