Não é preciso estar de ressaca. Para algumas pessoas, apenas uma pequena quantidade de vinho tinto já pode causar dor de cabeça entre 30 minutos e três horas após beber. E parece que, nesses casos, o mal estar está relacionado apenas ao vinho, porque não acontece com a ingestão de outras bebidas alcoólicas.
Por isso, pesquisadores buscaram compreender quais os efeitos do vinho no organismo que causam esse problema. E encontraram um culpado: um composto chamado quercetina. Os resultados foram publicados na revista Scientific Reports.
A culpada
De modo geral, a quercetina é um flavanol. Essa substância é antixioxidante e, por isso, traz diversos benefícios à saúde, sendo geralmente encontrada em várias frutas e vegetais, inclusive nas uvas. Contudo, sua concentração muda drasticamente sob a exposição ao sol.
Como muitos vinhos tintos são feitos a partir de cachos de uva que ficam expostos ao sol, ao vento e à chuva, os níveis desse flavanol podem variar de uma bebida para outra. Em alguns casos, pode ser quatro a cinco vezes maior.
Além disso, os níveis de quercetina também podem mudar dependendo de como o vinho tinto é feito. Há alguns processos que podem aumentar a concentração da substância, como contato da pele durante a fermentação, alguns processos de clarificação e também de envelhecimento.
Quando o vinho sobe à cabeça
Quando a quercetina entra na corrente sanguínea, é convertida para uma nova forma: a quercetina glicuronídeo. Essa substância, por sua vez, bloqueia o processamento do álcool ingerido, o que faz com que o corpo acumule toxina acetaldeído.
“O acetaldeído é uma toxina bem conhecida, substância irritante e inflamatória”, disse Apramita Devi, autora do estudo. “Pesquisadores sabem que níveis elevados de acetaldeído podem causar rubor facial, dor de cabeça e náusea”.
De acordo com os pesquisadores, isso pode acontecer especialmente se as pessoas já tiverem uma enxaqueca preexistente ou outra condição que desencadeia dor de cabeça para além da ingestão do vinho tinto.
Agora, os cientistas pretendem realizar estudos com pessoas que têm essa sensibilidade ao vinho tinto. A ideia é comparar as bebidas que contêm muita quercetina com aquelas que têm muito pouco, a fim de compreender o mecanismo que causa a dor de cabeça.
Créditos: Giz/UOL.