Uma explosão na rede subterrânea da Enel assustou quem passava na última quarta-feira (22/11) pela região central de São Paulo. Fumaça, fuligem, poeira e muita sujeira foram expelidos pelas tampas de um bueiro do local. O incidente acontece em meio às críticas direcionadas à concessionária por deixar moradores da Grande São Paulo até quatro dias sem energia elétrica após a tempestade do início deste mês.
O flagrante foi filmado e divulgado pelo ex-deputado Luiz de Medeiros em seu perfil no Instagram – o vídeo contava com mais de 900 mil visualizações até a tarde desta sexta-feira (24/11).
Segundo Medeiros, as explosões aconteceram por volta das 14h da última quarta, na altura do número 342 da Rua Sete de Abril. Havia uma base comunitária da Polícia Militar estacionada no local no momento do incidente.
“Ninguém sabia o que era e deu um certo pânico na vizinhança”, diz Medeiros. “Todo mundo correndo, espantado. Os prédios desligaram as luzes. Depois que reclamei, a PM interditou o local”, afirma.
A Rua Sete de Abril, no trecho onde aconteceram as explosões, é um calçadão repleto de call centers e, até por isso, bastante movimentado a qualquer hora do dia.
Funcionário de uma loja de eletrônicos, Fabio Casimiro de Almeida, 44 anos, afirma que a energia elétrica oscilou por cerca de duas horas após as explosões. “Foi um susto, a polícia isolou a área e aguardou a chegada dos bombeiros”, diz.
Segundo Almeida, funcionários da Enel foram até o local na quarta, na quinta e estavam por lá também nesta sexta-feira (24/11) à tarde.
Reticulado
A região central de São Paulo conta com uma rede subterrânea de energia que é considerada das mais confiáveis em relação a apagões provocados pela chuva. Trata-se do sistema reticulado, onde a energia sempre busca um caminho alternativo quando ocorre alguma pane.
Segundo a Enel, são mais de 500 km com sistema reticulado em sua área de concessão na Grande São Paulo. Parte foi instalada ainda em meados dos anos 1950.
No último domingo (19/11), quando questionada a respeito do funcionamento dos reticulados, a concessionária afirmou que eles foram impactados pela alta temperatura que atingiu a área de concessão da companhia nas últimas semanas, “mas tiveram o fornecimento de energia restabelecido prontamente”.
O enterramento de fios para diminuir o risco de apagões durante tempestades costuma ser sugerido sempre que a capital paulista é afetada pelas fortes chuvas. Segundo o Ministério Público de São Paulo (MPSP), enterrar todos os fios da cidade custaria entre R$ 100 bilhões e R$ 150 bilhões, em um serviço que levaria cerca de 20 anos para ser concluído.
O que diz a Enel
A Enel afirma que uma equipe técnica esteve no local do evento informado e, após inspeção, constatou que o cabo de baixa tensão que alimenta a instalação na Rua Sete de Abril, n° 290, apresentou um curto-circuito, que foi percebido pela fumaça que saiu da rede subterrânea próximo ao duto de águas pluviais.
“A concessionária informa ainda que uma equipe permanece no local para identificar a causa e executar os reparos necessários na rede. Não há clientes sem energia no local”, diz, em nota.