Em seu último depoimento às autoridades, o homem preso por causa das manifestações do 8 de janeiro que morreu na Complexo Penitenciária da Papuda, no Distrito Federal, alertou sobre seus problemas de saúde. Em 31 de julho, Cleriston Pereira da Cunha, o Clezão, contou que tinha vasculite aguda, que o fazia desmaiar e ter falta de ar no presídio.
A Secretaria de Administração Penitenciária do Distrito Federal abriu investigação sobre a morte de Cleriston, de 45 anos, que sofreu um mal súbito durante banho de sol. Parlamentares da oposição ao governo Luiz Inácio Lula da Silva enviaram ontem ofício ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes para questionar a permanência das pessoas presas de forma preventiva na Papuda.
Enquanto estava detido, Clezão era acompanhado por uma equipe multidisciplinar da Unidade Básica de Saúde da penitenciária.
No depoimento, Clezão contou que começou a passar mal depois que foi detido pelos policiais no Congresso Nacional em 8 de janeiro. Segundo seu relato, sofreu um desmaio e acabou urinando nas roupas. Ele contou que chegou a ser encaminhado para uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Distrito Federal e só recebeu os seus remédios para vasculite na manhã do dia seguinte, pelas mãos da mulher.
Clezão e mais sete
O ofício desta terça-feira, 21, foi assinado por 66 parlamentares — 58 deputados federais e oito senadores. Segundo os congressistas, sete pessoas estão presas preventivamente com pareceres da PGR pela concessão de liberdade provisória.
“Questionamos vossa excelência acerca da manutenção das prisões preventivas dos réus citados, uma vez que a própria autoridade titular da ação penal, a qual representa o interesse do Estado na punição e repressão, já se manifestou pela liberdade provisória dos presos”, diz o ofício. O Supremo foi procurado, mas não se manifestou até as 20h30 de ontem.
O deputado Marcel van Hattem (Novo-RS) disse que Cleriston perdeu a vida por causa da “inércia do Judiciário” e afirmou que a demora do Supremo em conceder a liberdade ao preso pode configurar um crime de responsabilidade. “Nós, parlamentares federais, deputados e senadores, estamos pedindo com urgência que o ministro [Alexandre de Moraes] tome alguma atitude”, afirmou o parlamentar do novo.
O irmão de Cleriston, Cristiano Pereira da Cunha, vereador pelo PSD no município baiano de Feira da Mata, disse que a família está “indignada” com a morte do irmão. Ele considerou que o STF agiu com um “descaso” ao não o beneficiar com a saída da Papuda apesar do parecer da PGR.
Revista Oeste, com informações da Agência Estado e do jornal O Estado de S. Paulo