Paulo Guedes seguiu a vida após o fim do governo Jair Bolsonaro. Montou um curso de MBA e disse que só voltaria para a política “em caso de guerra mundial”. Mas, apesar de ter entregado menos do que prometeu no Ministério da Economia, o mercado não o esqueceu — pelo menos quando se trata de compará-lo ao atual ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
Pesquisa Genial/Quaest divulgada nesta quarta-feira, 22, indica que 80% dos gestores, economistas e analistas dos maiores fundos de investimentos do Brasil consideram que a equipe econômica do governo Lula é pior do que a do governo Jair Bolsonaro. Apenas 12% as consideram equivalentes e míseros 8% acham que Haddad tem desempenho melhor que o de Guedes.
Ainda de acordo com a pesquisa, a avaliação positiva do mercado sobre Haddad vem caindo consideravelmente desde de julho, quando estava em 65%. A aprovação caiu para 46% na pesquisa de setembro e, agora, está em 43%. De lá para cá, a promessa da déficit zero para 2024 foi implodida por Lula e sobrevive por aparelhos na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO).
Na avaliação de metade (49%) dos gestores de fundos consultados, a polêmica da meta fiscal não alterou a “força de Haddad” no governo — não significa necessariamente que o mercado o considere forte ou fraco, mas que não enxergou nisso algo que alterasse a influência de Haddad no governo Lula, seja ela alta ou baixa. Para 39%, contudo, hoje o ministro está mais fraco do que há dois meses — 12% conseguem enxergá-lo mais forte.
A pesquisa Genial/Quaest indica que cresceu o pessimismo com a economia. Em dois meses, foi de 34% para 55% o percentual daqueles que esperam que a economia vai piorar em 2024. “A principal razão para esse pessimismo está na falta de uma política fiscal que funcione (77%). Ou seja, o mercado não acredita que o arcabouço votado, aprovado e sancionado esteja de fato funcionando”, analisa Felipe Nunes, diretor da Quaest.
Segundo Nunes, “o pessimismo atual do mercado está mostrado na opinião de que essa mudança na meta deve impactar negativamente a inflação, o desemprego e a bolsa”. “O interessante é que em julho, logo depois da aprovação das regras do arcabouço e da reforma tributária, boa parte do mercado havia mudado seu humor e passado a acreditar na direção da política econômica. Mas o que aconteceu no segundo semestre trouxe desconfiança novamente”, acrescentou.
O Antagonista