O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, afirmou na terça-feira, 14, que a China tem “problemas reais”, poucas horas antes de uma reunião com o homólogo chinês Xi Jinping em San Francisco, que pretende estabilizar as relações entre os países.
Os dois chefes de Estado desembarcaram na terça-feira na cidade da costa oeste americana, onde terão um encontro bilateral muito aguardado, em um momento de grande atrito entre os dois países.
“O presidente Xi é outro exemplo de como o restabelecimento da liderança americana no mundo está se consolidando. Eles têm problemas reais”, disse Biden durante um evento de arrecadação de fundos na terça-feira, horas antes da reunião com o líder chinês.
Biden vai liderar a cúpula anual do Fórum de Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (Apec). Ele foi recebido pelo governador da Califórnia, o também democrata Gavin Newsom.
O governador também deu boas-vindas a Xi, que chegou a bordo do avião presidencial poucas horas depois de Biden. O presidente chinês também foi recebido pela secretária do Tesouro americano, Janet Yellen.
O encontro entre Biden e Xi, o primeiro em um ano, é considerado crucial para aparar as arestas e manter sob controle a rivalidade de ambas as superpotências.
Na cidade portuária de San Francisco, Biden vai liderar a cúpula anual das 21 economias do bloco do Pacífico, que movimenta 60% da economia mundial.
Mais cedo nesta terça, Biden disse que os Estados Unidos não buscam se distanciar da China, mas ter uma relação melhorada.
“Não tentamos nos afastar da China. O que estamos tentando é mudar a relação para melhor”, disse Biden aos jornalistas da Casa Branca antes de partir para San Francisco.
Consultado sobre suas expectativas para o encontro esperado, o presidente americano disse que queria “voltar a um ritmo normal de correspondência, onde sejamos capazes de atender o telefone e conversar se há uma crise; garantir que nossas [forças armadas] ainda mantenham contato entre si”.
John Kirby, porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, disse aos meios de comunicação que ambos os presidentes “se conhecem muito bem há um bom tempo e podem ser francos e diretos um com outro”.
Biden “quer garantir que gerenciemos esta importantíssima relação bilateral da maneira mais responsável possível”, acrescentou.
Estados Unidos e China mantêm uma competência feroz por domínio econômico e tecnológico, assim como influência diplomática.
As duas superpotências atravessaram uma fase tensa no início do ano, por causa do sobrevoo de um balão chinês sobre território americano.
Com problemas de fundo para resolver, sobretudo no que se refere a Taiwan, território que a China considera uma província rebelde e não descarta inclusive usar a força para dominá-lo, o tom suavizou um pouco desde o verão boreal e foram retomados os contatos diplomáticos, sobretudo para preparar o encontro desta quinta-feira.
Outros temas na agenda são a guerra da Ucrânia e o conflito entre Israel e Hamas.
Washington apoia firmemente a Ucrânia e Israel, tanto diplomática como militarmente. A China, por sua vez, está aliada tanto com a Rússia como com o Irã, que apoia a Hamas.
Bilaterais com o México
O encontro com Xi é o prato principal da cúpula da Apec, mas Biden também se reunirá com outros mandatários do bloco, entre eles o presidente do México, Andrés Manuel López Obrador.
Biden e López Obrador devem se reunir na sexta-feira com uma agenda marcada pela migração e a crise do fentanil, opioide sintético 50 vezes mais potente que a heroína.
“Teremos que falar sobre a cadeia do fentanil, os precursores que vêm principalmente da Ásia, como controlar melhor o que sai da Ásia e o que chega ao México”, disse a chanceler mexicana Alicia Bárcena.
O governo de López Obrador negou que a substância seja produzida no México e sustenta que tudo chega diretamente da China, o que é questionado por Pequim.
O presidente mexicano também deve manter um encontro com Xi Jinping na quinta-feira, a primeira reunião entre ambos os mandatários, e estará marcada pela agenda econômica, informou Bárcena.
Estadão/AFP