Realizar atividade física por pelo menos 30 minutos, três vezes por semana, pode ajudar a tratar de disfunção erétil, segundo uma nova revisão sistemática. Seu efeito pode ser comparado com o de remédios como o Viagra (sildenafila) e Cialis (tadalafila).
O período é menos do que o indicado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), visto que ela recomenda a prática de 150 minutos semanais de exercícios para uma vida saudável. Os detalhes sobre o “novo tratamento” gratuito e seguro para a disfunção erétil foram publicados na revista científica The Journal of Sexual Medicine.
“Este estudo fornece aos médicos e pacientes a prova necessária para recomendar definitivamente a atividade aeróbica como parte do tratamento da disfunção erétil”, reforça Larry E. Miller, pesquisador da Miller Scientific e um dos autores do estudo.
Na revisão sistemática, os cientistas pesquisaram 11 ensaios clínicos randomizados e controlados envolvendo o uso de remédios para a disfunção erétil e a prática de exercícios físicos. No total, foram considerados 1,1 mil homens, com diferentes níveis de peso corporal e status de saúde geral.
Para entender o quão bem os tratamentos melhoram o quadro de disfunção erétil, os cientistas usaram pontos para definir o efeito da intervenção, estabelecidos a partir das pesquisas anteriores e concluíram que entre os tratamentos, os melhores são:
- Exercícios físicos regulares: melhora de 2 a 5 pontos em casos de disfunção erétil. Em casos graves de disfunção erétil, o efeito médio é mais próximo de 5;
- Uso de medicamentos, como Viagra e Cialis: melhora de 4 a 8 pontos;
- Reposição de testosterona: melhora de 2 pontos.
“O exercício aeróbico regular pode melhorar a função erétil dos homens. Os profissionais de saúde devem considerar a recomendação de exercícios regulares como terapia não farmacológica, de baixo risco, para homens com dificuldades de ereção”, afirmam os autores.
Para entender o que é disfunção erétil, vale mencionar que a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) classifica a condição como a incapacidade de obter ou de manter a ereção do pênis durante a relação sexual. Por causa do quadro, os homens tendem a enfrentar problemas psicológicos e a perder níveis de qualidade de vida.
A incapacidade de obter ou manter uma ereção pode ser resultado de níveis elevados de colesterol ou pressão arterial não diagnosticados ou até mesmo um sinal de alerta de doença cardiovascular, de acordo com especialistas.
Estima-se que 25 milhões de homens sofrem com disfunção erétil no Brasil, sendo a disfunção sexual mais comum entre os homens. Ocorre com mais frequência entre homens mais velhos devido a mudanças relacionadas à idade que o corpo sofre (No Brasil, 50% dos casos acontecem a partir dos 40 anos), como declínio natural dos níveis de testosterona, músculos pélvicos enfraquecidos e perda da função nervosa que ajuda o cérebro a se comunicar com outros sistemas do corpo, o que leva a uma ereção.
Nos homens mais jovens, a origem do problema costuma ser psicológica. A ansiedade de desempenho e os altos níveis de estresse podem afetar o delicado equilíbrio dos hormônios no corpo e o funcionamento do sistema nervoso.
Embora a prática de atividades físicas seja eficaz no tratamento da disfunção erétil e não apresente efeitos colaterais, o uso de medicamentos é ainda mais efetivo, dependendo do contexto do paciente. A decisão entre tomar ou não o medicamento deve ser realizada entre o profissional e o paciente buscando entender o que é melhor para o quadro de saúde.
O Globo