As fortes chuvas com rajadas de vento de 100 km/h que atingiram São Paulo na última sexta (3) foram provocadas, em parte, por um ciclone extratropical que vinha se formando no continente, no Sul do país, e que no sábado (4) já seguia em direção ao oceano Atlântico.
Imagens da ventania que causou destruição em São Paulo pic.twitter.com/eGbr8gn4PJ
— Diario do Brasil Notícias (@diariobrasil_n) November 7, 2023
Segundo o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), a massa de ar frio se encontrou com outra, de ar mais quente, provocando a tempestade. Em todo o estado, 3,7 milhões ficaram sem energia elétrica por causa do temporal.
Embora tempestades sejam comuns na região Sudeste nesta época do ano, as fortes rajadas de vento são menos frequentes, afirma Deise Moraes, meteorologista do Inmet.
“Havia um aviso de alerta para um sistema frontal [encontro de massas], que se formou por causa de uma frente fria na região Sul e também por causa do ciclone extratropical, que se afastou para o oceano e deixou a ventania no continente. Por isso, atingiu o estado de São Paulo”, disse Moraes.
Segundo a meteorologista, a massa de ar quente estacionada sobre São Paulo na sexta-feira aumentou a instabilidade do sistema, intensificando o vento e provocando chuva com trovoadas.
A instabilidade mencionada por Moraes se deve ao choque entre a massa de ar frio, que estava em passagem pelo Sul, e o ar quente acumulado dos últimos dias.
“É como se você adicionasse ar mais quente dos dias anteriores em cima da massa de ar frio que se aproximava juntamente com a formação de uma baixa pressão no sistema frontal, que já estava previsto, provocando chuva intensa”, diz.
Mesma explicação faz o técnico de meteorologia Adilson Nazário, do CGE (Centro de Gerenciamento de Emergências) da Prefeitura de São Paulo.
“O complicador maior foram as rajadas de vento excessivas, pois o acumulado de chuva foi baixo, algo em torno de 12 mm. O problema mesmo foi a velocidade dos ventos, acima de 77 km/h, chegando a 94 km/h na região norte de São Paulo [Tucuruvi] e a 104 km/h na região do aeroporto [de Congonhas]”, afirma o técnico.
O ciclone, acrescenta Nazário, teve pouca influência na instabilidade vista em São Paulo na sexta.
“Ele se formou mais ou menos na mesma hora [que começou a tempestade]. O que houve foi próprio da área de baixa pressão, que chamamos de área de instabilidade, porque o ciclone não avançou para dentro do continente, ele está se afastando. E como havia um acumulado de ar quente, chegando a 31ºC, foi como adicionar gasolina em uma fogueira em chamas”, disse.
O ciclone não avançou para dentro do continente, ele está se afastando. E como havia um acumulado de ar quente, foi como adicionar gasolina a uma fogueira em chamas. (Adilson Nazário, técnico em meteorologia do CGE)
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