O Exército Brasileiro manteve na internet por pelo menos dois anos vários vídeos onde explicava detalhadamente como utilizar da forma adequada e mais eficaz possível as metralhadoras Browning .50, do mesmo tipo das que foram roubadas do Arsenal de Guerra em São Paulo. Outros vídeos ensinavam a montar e desmontar o armamento.
Consultados pela Revista Sociedade Militar, militares do Exército especialistas em manutenção de armamento explicam que a montagem, desmontagem e ajuste do equipamento não é algo tão simples assim. “Se trata de uma arma que dispara mais de 700 projeteis por minuto a uma velocidade muito alta e com potência incrível, um pequeno desajuste em qualquer uma das partes pode fazer com que “engasgue” e/ou inutilizar o equipamento. Existem equipamentos especiais para calibrar e ajustar esse tipo de arma… ”, conta um subtenente do Exército na reserva remunerada.
Logo após tomar conhecimento do roubo em uma organização militar de São Paulo a Revista Sociedade Militar publicou artigos alertando sobre os vídeos do Exército Brasileiro, a disposição da sociedade comum nos canais do Exército no Youtube e no Facebook. A editoria enviou também questionamentos ao Ministério da Defesa perguntando sobre os motivos e embasamento legal para distribuir esse tipo de informação para o público comum, na medida em que se trata de um equipamento de uso restrito, que não pode ser adquirido por cidadãos comuns.
Questionamento feito para o Exército Brasileiro: “… a) … legislação que regula qual conteúdo em texto, fotográfico e em vídeo, incluindo instruções militares, de operação de armamento e de manutenção de armamento, podem ser publicadas em canais ostensivos, como a que se percebe na imagem anexa. b) Levando em consideração que alguns manuais sobre operação e manutenção de armamento são documentos reservados, solicito ainda que informe, por gentileza, qual órgão do Exército Brasileiro é responsável por verificar se há, nos perfis oficiais da força em mídias sociais como Facebook, Twitter e Youtube, eventual disponibilização de vídeos que podem afetar a honra e imagem da instituição ou que possam fornecer para o público civil informações classificadas ou inapropriadas…“.
Questionamento feito para o Ministério da Defesa: “… a) … legislação do Ministério da Defesa que regula quais instruções militares, de movimentação de tropas, de operação de armamento e de manutenção de armamento podem ser publicadas em canais ostensivos das Forças Armadas, a exemplo do conteúdo das postagens oficiais indicadas pelas imagens em anexo. b) Levando em consideração que alguns manuais sobre operação e manutenção de armamento são documentos reservados, solicito ainda que informe, por gentileza, qual o órgão do Ministério da Defesa responsável por verificar se há nas redes sociais da força eventual disponibilização de vídeos que podem afetar a honra e imagem da instituição ou que possam fornecer para o público civil informações classificadas ou inapropriadas …“.
Os vídeos foram retirados da rede poucas horas após a publicação da Revista Sociedade Militar. Poucos dias depois, sites como Metrópoles e Agência Pública publicaram artigos explorando o assunto, que foi publicado em primeira mão pela Revista Sociedade Militar, os dois veículos citaram a revista.
Após questionamento feitos pela Revista Sociedade Militar e, alguns dias depois, pela Agência Pública, o Exército explicou que: “em virtude das peculiaridades e cuidados com o aquele tipo de armamento… foram removidos atendendo às orientações de segurança”.
Créditos: Revista Sociedade Militar.