Em Brasília, as pendências do governo Lula ganharam uma máxima temporal: elas serão resolvidas quando o presidente retornar do exterior. A efeméride foi repetida por ministros e auxiliares diretos do Planalto para justificar a demora em temas que dependem de uma definição do chefe da República.
A explicação tem razão de ser. Em dez meses de governo, o petista fez 25 viagens internacionais, cruzando 21 países espalhados em quatro continentes.
O giro ao redor do mundo supera as viagens dentro do Brasil. O presidente da República esteve em 15 estados, além do Distrito Federal, desde que assumiu o terceiro mandato.
O roteiro doméstico de Lula, em geral, é pontual e dura apenas algumas horas – bem diferente das viagens internacionais, quando o presidente permanece por um período mais prolongado nos países.
São Paulo e da Bahia foram os lugares mais visitados por Lula. O presidente, por outro lado, ainda não esteve em Minas Gerais, o segundo mais populoso do país, e tido inclusive como crucial para a vitória sobre Jair Bolsonaro em 2022. A ida de Lula a Belo Horizonte chegou a ser anunciada em setembro, mas acabou cancelada. O presidente também não foi a outros estados Espírito Santo, Santa Catarina, Rio Grande do Norte e Alagoas.
O périplo planetário de Lula embute dois planos – um pessoal e um de Estado. Desde a campanha, Lula havia definido como meta de seu terceiro mandato reposicionar o país perante o mundo, após as crises provocadas pelo governo Bolsonaro. Por outro lado, o presidente, imbuído na missão de reescrever a própria biografia após 580 dias preso, tem como meta se tornar um líder mundial em diferentes frentes, como no combate à fome e ao desmatamento.
Pesquisas revelam, no entanto, que a população não vê o giro internacional com bons olhos e avalia que as viagens são excessivas e pouco agregam ao país. Em suas últimas declarações, e sentindo o efeito negativo, o presidente prometeu aumentar, no próximo ano, sua presença em solo nacional e focar as atenções no país.
Créditos: VEJA.